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ONGs apontam falha do governo e lançam guia para sobreviver à falta de água

Camila Neumam

Do UOL, em São Paulo

26/03/2015 15h11

Com o fim do período de chuvas e alguns dos principais mananciais paulistas ainda no volume morto, a Aliança pela Água -- uma rede composta por quase 50 ONGs de São Paulo -- criou um guia de sobrevivência à crise hídrica com dicas de economia de água. O motivo: faltam informações oficiais da gravidade do problema e da real possibilidade dos moradores do Estado ficarem totalmente sem água, na opinião de seus realizadores.

"Mesmo com o cenário montado para o desastre, o governo tomou pouquíssimas medidas de precaução e não comunicou aos cidadãos que a situação era crítica. O consumo continuou crescendo e as reservas de água diminuindo. A crise explodiu e poderá demorar vários anos para ser superada", descreve o parágrafo encontrado no primeiro capítulo "Por que está faltando água?".

Segundo a ambientalista Claudia Visoni, uma das redatoras do manual, "as informações sobre a falta de água que estão sendo passadas pelo poder público são superficiais e pontuais. Precisamos economizar água ao máximo no momento porque a gente ainda está no volume morto e o período de chuvas está acabando. Cadê o plano de emergência do governo?”.

Para viver com mínimo de qualidade e com higiene preservada, o manual ensina a tomar banho com desinfetante caseiro, a limpar a louça com casca de laranja e fazer as necessidades em um banheiro seco improvisado. Essas e outras dicas podem ser lidas no "Água: Manual de Sobrevivência para a Crise", lançado pela rede nesta semana. Ele pode ser lido na íntegra aqui

Dividido em sete capítulos, o livreto escrito por especialistas em saúde e sustentabilidade orienta como acumular água para as necessidades básicas e ensina a economizá-la e reutilizá-la na limpeza, na cozinha e até prevê como se comportar se o clima de violência pela falta de água chegar às ruas. Tudo isso está no capítulo "Estratégias de sobrevivência ao colapso", encontradas no material.

"O manual traz um conjunto de informações que podem auxiliar a população a aprender a lidar com a  falta de água e a diminuir o consumo em situações de emergência. O texto foi inspirado no que a capital viveu em janeiro e no que cidades como Itu e Guarulhos já estão vivendo há um ano”, diz Marussia Whately, coordenadora da Aliança pela Água.

Segundo Whately, que é consultora na área de recursos hídricos e sustentabilidade, a rede lançada em outubro de 2014 já entregou um documento com propostas de políticas públicas sobre o tema para o governo do Estado e espera retorno.