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Sangue quente oferece vantagem a peixe que vive nas profundezas do oceano

 Um peixe da espécie opah é solto com sensores de temperatura que o monitorarão enquanto mergulha. A imagem foi divulgada nesta quinta-feira (14) pelo Centro de Ciências da Pesca do Sudoeste, pertencente à NOAA (Administração Nacional Atmosférica e Oceânica, na sigla em inglês) - NOAA Fisheries/AFP
Um peixe da espécie opah é solto com sensores de temperatura que o monitorarão enquanto mergulha. A imagem foi divulgada nesta quinta-feira (14) pelo Centro de Ciências da Pesca do Sudoeste, pertencente à NOAA (Administração Nacional Atmosférica e Oceânica, na sigla em inglês) Imagem: NOAA Fisheries/AFP

14/05/2015 19h14

O peixe opah, que atende também por peixe-sol, peixe-lua e peixe-imperador, é o primeiro peixe de sangue quente conhecido pela ciência e essa característica incomum lhe confere uma vantagem competitiva nas profundezas frias do oceano - afirmaram pesquisadores nesta quinta-feira.

A criatura tem o tamanho de um pneu de carro e pode aquecer-se muito da mesma maneira que um radiador do carro, explicaram os pesquisadores à revista Science.

O peixe tem vasos sanguíneos nas brânquias, que transportam o sangue quente do núcleo do corpo.

Estes vasos sanguíneos envolvem outros vasos perto das brânquias, por onde o peixe respira, trazendo de volta sangue frio, oxigenado.

O resultado é um sistema de aquecimento autônomo que mantém o cérebro do peixe afiado e seus músculos ativos para que ele possa nadar rápido e pegar suas presas.

Anexando monitores de temperatura ao peixe opah que vive ao largo da costa oeste dos Estados Unidos, os pesquisadores descobriram que ele tinha uma temperatura média muscular "cerca de cinco graus acima da água circundante ao nadar cerca de 45-300 metros abaixo da superfície", explicou o estudo.

A maioria dos peixes têm sangue frio, de modo que a descoberta de um peixe que pode aquecer seu corpo da mesma maneira que mamíferos e aves foi uma surpresa para os cientistas.

"Antes desta descoberta eu tinha a impressão de que ele era um peixe lento, como a maioria dos outros peixes em ambientes frios", contou Nicholas Wegner, da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), um dos autores do estudo.

"Mas como ele pode aquecer seu corpo, acaba por ser um predador muito ativo que persegue suas presas de maneira ágil e pode migrar para longas distâncias".

Peixes opah vivem no fundo do oceano, onde os predadores tendem a emboscar suas presas em vez de persegui-las.

Alguns outros peixes, como o atum e alguns tubarões, podem aquecer algumas certas partes de seus corpos e músculos para impulsionar o desempenho nadando nas profundezas frias, mas seus órgãos internos rapidamente ficam frios, forçando-os a subir para águas pouco profundas, a fim de se aquecer.

Com barbatanas vermelhas que estão constantemente batendo, o peixe opah permanece quente mesmo quando a água fica mais fria, acelerando o seu metabolismo e mantendo um reflexo rápido.

Além da rede de aquecimento dos vasos sanguíneos, os peixes opah têm tecido adiposo em torno da brânquias, coração e músculo para isolar-se e manter-se aquecido.

"É a primeira vez que vemos isso nas brânquias de um peixe", afirmou Wegner. "Esta é uma inovação legal, que confere a esses animais uma vantagem competitiva".