Cientistas estudam por 30 anos moluscos de ilha atingida por bomba atômica
Entre 1968 e 1970, a França detonou quatro bombas nucleares no atol Fangataufa, uma pequena ilha no Oceano Pacífico. A maior das bombas era centenas de vezes mais forte que a bomba lançada sobre Nagasaki e destruiu praticamente toda a vida na região. Esse acontecimento criou uma condição única para um experimento biológico: se a vida tivesse que recomeçar após um desastre nuclear, ela se desenvolveria do mesmo jeito? Um novo estudo divulgado na publicação científica The Royal Society aponta que a resposta é não.
A pesquisa durou 30 anos e acompanhou as mudanças nas comunidades de moluscos nos recifes do atol Fangataufa. Os moluscos foram quase inteiramente dizimados pelo calor dos testes nucleares e o recife foi recolonizado. As larvas que recolonizaram o recife parecem ter vindo do “mar aberto”, ou seja, não eram daquela localidade, mas foram as únicas que conseguiram se adaptar ao novo meio. Apenas algumas espécies sobreviveram às condições difíceis, e por isso, elas recolonizaram as zonas atingidas.
Em todos os recifes estudados, a composição biológica das comunidades se modificou totalmente depois da exposição ao material radioativo.
Metodologia
Os pesquisadores focaram nos moluscos por causa da longevidade e de sua natureza estacionária. “Eles ficam onde estão”, afirmou o pesquisador e um dos autores do estudo Pierre Legendre da Universidade de Montreal, no Canadá. “Eles vivem muito tempo, então, podemos esperar que o mesmo molusco de um recife fique ali por três, quatro ou até dez anos”, afirmou o cientista ao site da revista Science.
Durante o estudo, os cientistas usaram uma escada de cordas para separar três recifes em áreas de seis metros quadrados. Eles contaram todos os moluscos naqueles segmentos cinco vezes entre 1972 e 1997. O time, então, comparou os números com os dados observados em 1968, antes dos testes nucleares. As comunidades se tornaram totalmente diferentes. Em todos os recifes, os tipos de moluscos ou permaneceram os mesmos ou cresceram, após as explosões e algumas espécies prevaleceram sobre as outras.
O estudo pode ser lido na íntegra (em inglês), aqui
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