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Festejado, compromisso climático de Pequim é considerado insuficiente para limite de 2°C

30/06/2015 18h48

A cinco meses da conferência sobre o clima em Paris, a China, maior poluidor do mundo, prometeu nesta terça-feira limitar suas emissões de CO2 até 2030, um passo comemorado por ONGs e especialistas, mas considerado insuficiente para limitar o aquecimento global a 2°C.

O anúncio, feito em Paris pelo ministro chinês, Li Keqiang, não foi uma surpresa já que reitera os termos do acordo EUA-China concluído em novembro, em que Pequim se empenhou em atingir o seu pico suas emissões "por volta de 2030" e a trabalhar para fazer isso mais rápido.

No entanto, é um sinal de apoio ao processo de negociações internacionais que visam conduzir a um acordo universal em Paris, com a China sendo o primeiro país emergente a desvendar sua "contribuição nacional".

"A China tem estado sempre na defensiva em matéria de alterações climáticas, mas o anúncio de hoje (terça-feira) é um primeiro passo para um papel mais ativo", comentou Li Shuo, do Greenpeace China, em um comunicado do Climate Action Network (CAN).

Oxfam internacional comemorou que a China tenha mostrado uma "liderança tão essencial para combater a mudança climática".

Nick Mabey, fundador da ONG E3G, estimou que "a China reafirma seu compromisso de prosseguir o caminho para um desenvolvimento de baixo carbono" e Samantha Smith, especialista em clima e energia da WWF, observa que este é "o primeiro país em desenvolvimento altamente poluidor a definir um objetivo com um pico total de emissões".

"Este é um ponto de viragem no modelo de desenvolvimento das nações", afirmou Matthew Orphan, da Fundação Hulot, notando que a China quadruplicou suas emissões desde 1990.

"O compromisso de reduzir sua intensidade de carbono (taxa de emissão de CO2 por ponto de crescimento) de 60 a 65% em 2030 em relação a 2005 é um esforço significativo, correspondendo a um decréscimo de 4% ao ano", também comentou o porta-voz da Fundação.

Mas essas reações em uníssono para saudar a formalização das metas climáticas da China também ressaltaram que eles não seriam suficientes para limitar com sucesso o aquecimento global a 2°C. Para além deste limiar, segundo cientistas e economistas, a adaptação será muito mais difícil e cara, e impossível em muitas partes do globo.

"A questão permanece no nível que será este pico", disse a Oxfam sabendo que havia um volume global de emissões de CO2 que não devem ser excedidos para cumprir a meta de 2° e que a China responde por 27% das emissões globais, à frente dos Estados Unidos (14%).

O consumo de carvão, a energia mais poluente a partir de um ponto de vista climático, estagnou pela primeira vez em 2014 na China, mas o crescimento abrandou e ações foram tomadas contra as plantas mais antigas na luta contra o problema da poluição do ar nas grandes cidades chinesas.

A China, cujas necessidades energéticas explodem, é ao mesmo tempo o primeiro consumidor de carvão no mundo e o principal investidor em energia renovável.

"Esperamos que a China continue seus esforços para influenciar e liderar o mercado mundial de energia renovável e eficiência energética", disse Samantha Smith, da WWF.