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Um ano após limpeza, Salto retira mais de seis toneladas de lixo do Tietê

Eduardo Schiavoni

31/07/2015 17h41

A Prefeitura de Salto (a 101 km de SP) realizou, pelo segundo ano consecutivo, um mutirão para retirar lixo do leito do rio Tietê, que corta a cidade. Dessa vez, foram retiradas mais de seis toneladas de sujeira do rio em nove dias de trabalho. No ano passado, o montante superou as 18 toneladas. Apesar da redução, a cidade pretende cobrar do Estado e dos municípios vizinhos que ações similares sejam realizadas.

Neste ano, o trabalho se concentrou na área do Parque de Larvas, que fica junto à margem onde fica o Memorial do Rio Tietê, um dos principais pontos turísticos da cidade. Assim como no ano passado, a equipe retirou um grande volume de garrafas PET, madeiras de árvores, materiais de construção e isopor. O trabalho de retirada do lixo foi feito aproveitando o período de seca do Tietê e contou com a participação de servidores públicos  voluntários e funcionários da empresa terceirizada que responde pela limpeza pública na cidade.

Como algumas das áreas onde o lixo se acumulou são de acesso mais difícil, os funcionários tiveram que usar, além de roupas especiais de proteção, cordas e roldanas para que os sacos plásticos cheios de lixo fossem retirados. Os funcionários tiveram treinamento especial. A operação foi finalizada ontem.

Por conta da poluição do rio, pouca coisa pode ser reaproveitada e a quase totalidade dos materiais teve que ser enviada para um aterro sanitário. Apenas madeiras encontradas no local puderam ser aproveitadas para caldeiras de indústrias da região.

Para o prefeito de Salto, Juvenil Cirelli (PT), essa ação mostra a necessidade de os municípios pelos quais o rio passa cuidarem do Tietê. “A cidade de Salto possui tratamento de esgoto, coleta de lixo 100% mecanizada e faz a coleta de recicláveis em todo o município, mas é penalizada com a sujeira que o Rio Tietê traz de outros municípios. Essa nossa ação, mais uma vez, tem como objetivo evitar que o saltense seja punido e mostrar que cada cidade e o Estado de São Paulo precisam fazer a sua parte”.

Ação contra hidrelétricas

Embora a preocupação dos administradores de Salto sobre a retirada de lixo do Tietê seja recorrente, a cidade promete, pela primeira vez, entrar com uma ação contra a Emae  (Empresa Metropolitano de Água e Energia S.A), que gerencia duas usinas hidrelétricas na região, exigindo que a empresa, pertencente ao governo estadual, faça a retirada de lixo acumulado no Tietê, especialmente em Pirapora do Bom Jesus, onde está uma das hidrelétricas.

De acordo com o secretário de Meio Ambiente, João De Conti Neto, há uma grande quantidade de lixo acumulado há um quilômetro da barragem dessa usina e, se chover muito e a comporta for aberta, todo o lixo pode acabar em Salto. "É preciso que o governo estadual e as cidades que são cortadas pelo Tietê façam a sua parte. Nós fazemos a nossa mas, sozinhos, acabamos penalizados pelo que os outros deixam de fazer", disse.

Procurada, a Emae informou que retira sistematicamente lixo das barragens das usinas onde opera, mas que aguarda o recebimento da notificação da Prefeitura de Salto e que, assim que a demanda chegar, será analisada por órgão técnicos da entidade. A entidade informou ainda que irá se pronunciar oficialmente depois que isso ocorrer.