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Brasileiro conquista 4ª posição em concurso mundial de aquapaisagismo

Débora Nogueira

Do UOL, em São Paulo (SP)

02/09/2015 06h00

O publicitário Paulo Pacheco, de São Paulo, conquistou a quarta posição no concurso mundial de aquapaisagismo (IAPLC) na edição de 2015. O resultado foi divulgado no domingo (30). Esta é a segunda melhor colocação de um brasileiro desde 2013, quando o coordenador de Tecnologia de Informação Marcelo Tonon conquistou a terceira posição.

“Foi amor à primeira vista. Sempre tive aquário na infância, mas há uns três ou quatro anos resolvi voltar a ter e comecei a pesquisar. Conheci o conceito de aquário plantado e várias pessoas me ajudaram”, afirma Pacheco que se diz feliz com o Silver Prize (prêmio pela 4ª colocação). “Para mim, a competição não é importante, e sim manter o nível e fazer um bom trabalho”, acrescenta.

Apesar de ainda não muito conhecido no Brasil, o aquapaisagismo é um hobby que cresce a cada ano, sendo mais forte nos estados de São Paulo e Paraná. Em 2015, 46 brasileiros se inscreveram no concurso mundial e há uma série de concursos nacionais da modalidade. Quase 40% dos brasileiros ficaram entre os 200 primeiros colocados, de um total de 2.545 participantes de 69 países. Os asiáticos conquistam frequentemente as primeiras posições.

O aquário de Pacheco foi batizado de “Deep Nature” (natureza profunda, em tradução livre) e tenta repetir a paisagem que o publicitário observou ao fazer mergulho no rio da Prata, em Bonito (MS). “Existem duas linhas de aquapaisagismo. Aquela que tenta replicar as paisagens que estão fora da água, como as montanhas e as que tentam imitar a natureza que existe embaixo d´água. Esse ano, preferi focar nessa proporção mais realista, me baseei nas fotos que tirei durante essa viagem”, conta Pacheco.

A modalidade foi inventada pelo japonês Takashi Amano, que criou novas técnicas de aquarismo e levou para debaixo d'água os conceitos de jardim japonês e arte wabi-sabi (a busca da beleza na imperfeição e a criação do caos controlado). Sua empresa, a Aqua Design Amano (ADA) cria aquários de grande porte para hoteis, restaurantes e embaixadas, vende produtos de primeira linha para quem quer levar o hábito a sério e ainda organiza a competição internacional de aquarismo natural (IAPLC). Amano faleceu no início de agosto e, por isso, não houve festa para a premiação em 2015. 

Como começar?

Qualquer aquapaisagista deve aprender o básico sobre ecologia (biótopos e espécies invasoras), biologia (fisiologia de peixes e invertebrados - eles utilizam além de peixes, camarões e moluscos), botânica (nitrificação e fotossíntese)  e química (noções sobre pH da água). “A água desses tipos de aquário acaba sendo muito ácida e isso influencia na escolha do peixe. Além disso você precisa inserir gases e fertilizantes para alimentar as plantas, o que te deixa ainda mais preocupado com a saúde dos animais", exemplifica o aquapaisagista carioca Flávio de Freitas.

“O dono do aquário tem que praticamente pilotá-lo. É um trabalho diário, de se observar as plantas, fazer as podas, verificar a claridade da luz e da água”, conta Pacheco.

O hobby leva tempo e, principalmente, exige observação. Um aquário competitivo leva meses para ser construído. Os concursos julgam os aquários pela foto que os participantes enviam. “Você precisa sempre tirar fotos do aquário e comparar com os arranjos anteriores. A foto final é, na verdade, um registro do que a gente considera o melhor momento do aquário”, explica Pacheco. Depois, é só mandar a foto do aquário para o julgamento e aguardar sua posição no ranking.

Na capital paulista, a referência para quem quer começar é a loja/escritório de arquitetura Aquabase, que além de criar projetos para empresas, vende materiais e fornece cursos para curiosos. Os cinco brasileiros melhores posicionados saíram de lá, inclusive Pacheco, Tonon, e o arquiteto Luca Galarraga, 10º do mundo e heptacampeão brasileiro de aquapaisagismo.