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Florestas tropicais correm risco de desaparecer, diz estudo

Declarado Patrimônio Mundial da Natureza pela UNESCO, o Parque Nacional de Canaima é formado basicamente pela Floresta Amazônica e fica na Venezuela - Erik Cleves/Ecoviagem
Declarado Patrimônio Mundial da Natureza pela UNESCO, o Parque Nacional de Canaima é formado basicamente pela Floresta Amazônica e fica na Venezuela Imagem: Erik Cleves/Ecoviagem

02/09/2015 17h40

A Terra perdeu "mais de 18 milhões de hectares de florestas" em 2014, duas vezes a área de Portugal, segundo o World Resources Institute (WRI), um centro de pesquisas com sede em Washington - num estudo publicado nesta quarta-feira (2).

Somente os países tropicais perderam 9,9 milhões de hectares, onde o desmatamento avança, segundo o WRI.

Em especial em diversos países do oeste da África, da região do rio Mekong e da região do Grande Chaco na América Latina são afetados por este desaparecimento das florestas, vítimas da expansão das atividades econômicas, alertou o estudo.

A publicação deste documento ocorreu enquanto é realizada em Bonn uma nova rodada de negociações que antecedem a grande conferência da ONU sobre o aquecimento climático que ocorrerá em Paris de 30 de novembro a 11 de dezembro.

O desmatamento contribui para as mudanças climáticas na medida em que destrói o "sequestro de carbono" que ocorre nas florestas.

Nos países tropicais o desmatamento se estende para além do Brasil, que conseguiu diminuir o problema em 70% na Amazônia nos últimos anos, e da Indonésia, que recentemente adotou medidas para impedir novas derrubadas.

Na verdade, mais de 62% do desmatamento tropical constatado em 2014 ocorreu fora destes dois países, contra 47% em 2001.

A situação é "especialmente preocupante" no Camboja, país onde o desmatamento ganhou mais velocidade entre 2001 e 2014, segundo o WRI. O país perdeu em 2014 uma área quatro vezes maior que em 2001.

Os pesquisadores estabeleceram "uma forte correlação" entre a diminuição das zonas de florestas e a alta do preço da borracha no mercado mundial, no conjunto dos países do Mekong, onde a indústria da borracha se desenvolve em detrimento da floresta.

Diversos países africanos (Serra Leoa, Libéria, Guiné, Guiné Bissau) assim como Madagascar aparecem entre os que tiveram desflorestamento mais rapidamente.

A República Democrática do Congo, a República do Congo, Camarões, a República Centro-Africana e o Gabão também tiveram uma redução da área de suas florestas, fruto especialmente da exploração do óleo de palma e da madeira.

Na América Latina, as florestas da região do Grande Chaco, no Paraguai, na Argentina e na Bolívia "desaparecem rapidamente", vítimas da pecuária e do cultivo da soja, constatou o WRI.