Robô pode evitar ataques de estrelas-do-mar na Grande Barreira de Corais
Um robô autônomo projetado para aplicar injeções letais é a nova aposta para exterminar uma espécie de estrela-do-mar, conhecida como coroa-de-espinhos (acanthaster planci), responsável, sozinha, pela destruição de 40% dos recifes da Grande Barreira de Corais, na Austrália.
A Grande Barreira australiana é a maior faixa de corais do mundo, composta por mais de dois mil recifes e quase três mil quilômetros de extensão. Ela está localizada entre as praias do nordeste da Austrália e a Papua Nova-Guiné e pode ser vista do espaço. Trata-se da maior estrutura do mundo feita exclusivamente por organismos vivos.
O assassino mecânico, que foi batizado de COTSbot, foi criado por dois pesquisadores da Universidade de Tecnologia de Queensland, na Austrália, e a expectativa é que ele consiga vasculhar o recife por até oito horas em cada mergulho. Uma vez que ele detecta a coroa-de-espinhos, o robô usa um braço estendido para administrar uma dose letal de sais biliares na estrela-do-mar. Espera-se que ele consiga disparar mais de 200 tiros letais por mergulho.
Para treinar o robô, pesquisadores usaram milhares de imagens desse tipo de estrela feitas na própria Barreira de Corais e outras do Youtube. Segundo Matthew Dunbabin, um dos criadores do COTSbot, o treinamento garante que o robô consiga detectar o alvo em ambientes com diferentes visibilidades e alterações de cores, como acontece no fundo do mar, dependendo da profundidade.
Se o COTSbot não tiver certeza de seu alvo, levará uma foto do objeto para ser posteriormente verificada por um humano, que realimentará seu banco de memória. “Estamos 99% confiantes de sua precisão. E se ele tiver qualquer dúvida, tira uma foto e envia para que nós façamos a confirmação”, explicou Dunbabin.
Depois de seis meses de treinamento intensivo, o COTSbot passou em seu primeiro teste na Baía de Moreton. O próximo desafio é ver como ele navega em correntes mais fortes e em terrenos complexos em mar aberto. A expectativa é que ele esteja operando em sua total capacidade no recife no início de 2016.
A vantagem do robô em relação aos mergulhadores é que ele pode ficar no local por longos períodos de tempo e em todas as condições meteorológicas. Embora esse tipo de estrela-do-mar tenha alguns predadores naturais em várias partes do mundo, a intervenção humana é a única maneira de tentar conter o crescimento desenfreado dessa população na região da Grande Barreira de Corais.
Ameaças
Nos últimos 40 anos, três surtos de coroa-de-espinhos tiveram um grande impacto sobre os recifes que compõem a Grande Barreira de Corais. “Estima-se que há entre quatro e 12 milhões de estrelas-do-mar na Grande Barreira e cada fêmea produz cerca de 65 milhões de ovos em uma única gestação”, disse Lisa Bostrom-Einarsson, principal autora de um estudo sobre o tema feito pela James Cook University, em entrevista ao jornal inglês The Guardian.
Os pesquisadores da James Cook University também estão empenhados em acabar com a praga das coroas-de-espinho. Ensaios realizados na universidade mostraram que uma simples dose de 20ml de vinagre pode matar uma estrela-do-mar em 48 horas.
Atualmente, os mergulhadores (e o robô) precisam injetar de 10ml a 12 ml de bílis de boi em cada estrela-do-mar para matá-la. A bílis é cara, requer várias autorizações e necessita de correta concentração. Já o vinagre é facilmente encontrado nos supermercados e pode ser uma solução para o futuro.
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