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"Acordo traz pontos essenciais, temos que ampliar a ambição", diz ministra

Miguel Medina/ AFP
Imagem: Miguel Medina/ AFP

Do UOL, em São Paulo

12/12/2015 19h54

" O acordo traz os pontos essenciais, e temos as bases para ampliar a ambição no futuro", disse a ministra do Meio Ambiente do Brasil, Izabella Teixeira. A brasileira trabalhou como negociadora do acordo nas duas semanas da Conferência do Clima, em Paris. Este é o primeiro acordo global para combater as mudanças climáticas.

No acordo, foi determinado que os países farão o possível para manter o aumento da temperatura bem abaixo de 2ºC, perseguindo 1,5ºC em 2100. Um objetivo ambicioso, visto que já aquecemos 1ºC até hoje e as metas voluntárias limitariam o aumento da temperatura entre 2,7ºC e 3,5ºC.

"Este acordo deu início quando o Brasil disse que topava aceitar o novo acordo se todos estiverem a bordo, em Durban, na COP-17. Levamos cinco anos para construir esse acordo. Eu digo que tem o momento de Kyoto [1007], o roadmap de Bali [2007] e Durban [2011]." Em Kyoto foi firmado o primeiro acordo para redução de emissões de gases do efeito estufa, onde os países ricos deveriam cortar suas emissões em 5%. Depois, em Bali, foi criado o chamado "mapa do caminho", com cinco pilares de discussão para facilitar a assinatura de um compromisso internacional: visão compartilhada, mitigação (redução das emissões), adaptação, transferência de tecnologia e suporte financeiro. Em Durban, os trabalhos para um novo acordo em Paris começaram: prorrogou-se Kyoto, países em desenvolvimento também concordaram com metas de redução de emissões e firmou-se financiamento de ações de uS$ 100 bilhões ao ano.

Segundo a ministra, a posição brasileira foi parabenizada como facilitador das negociações. "Nós demos metas voluntárias ambiciosas, mudamos nosso foco, e isso dá uma credibilidade política ao país". O Brasil deu como meta reduzir emissões absolutas em 43% até 2030 visando a meta de 2ºC. Agora, essa meta deve ser revista para o país atingir o limite de 1,5ºC. Em 2012, o país já tinha reduzido suas emissões em 41% graças à queda do desmatamento de 2005 para frente. Nos últimos anos, as emissões brasileiras cresceram por causa do uso de termoelétricas e transporte.

"Essa gente bronzeada mostrou seu valor, agora é a hora da caipirinha, do champanhe", disse. 

Mais cedo, a ministra tinha afirmado que o "Brasil pode fazer mais, deve fazer mais e quer fazer mais" no combate às mudanças climáticas. "Espero, sinceramente, que, em 2025, quem estiver cuidando do assunto seja mais ambicioso do que fui", disse.

Segundo ela, o acordo mostra uma disposição de todos os países de se esforçarem ainda mais para reduzir suas emissões. "Temos que trabalhar e implementar. É um esforço de toda a sociedade. É um desafio enorme para implementar a INDC (meta voluntária). Fazendo isso acontecer, por que não [ser mais ambicioso]?"

Izabella contou que no texto há uma decisão que considera um processo balanceado de adaptação e redução das emissões, levando em consideração a necessidade de desenvolvimento de "sumidouros", que absorveriam CO2 da atmosfera, num processo de neutralização de carbono. "Num processo de neutralização pós 2050, o Brasil teria o papel dos sumidouros, com reflorestamento, com recuperação de pastagens para ser mais do que um player de clima ser um player estratégico e econômico global de tecnologias e desenvolvimento nacional."

Segundo Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima, os países devem agora buscar aumentar ainda mais suas metas de redução das emissões. O Brasil, especificamente, deve combater mais o desmatamento, e evoluir na restauração florestal. Além disso, é preciso mudar o plano energético brasileiro que conta com 71% dos investimentos no setor para os combustíveis fósseis.