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Impacto do aquecimento global nas dietas pode causar 500.000 mortes em 2050

Noah Seelam/AFP
Imagem: Noah Seelam/AFP

Em Paris

02/03/2016 22h45

O aquecimento climático pode causar mais de meio milhão de mortos suplementares no mundo em 2050 como consequência das mudanças na alimentação e do peso das populações, pela redução da produtividade agrícola - aponta um estudo publicado nesta quinta-feira.

Segundo a revista The Lancet, a pesquisa é a primeira a avaliar o impacto do aquecimento global no regime alimentar e o peso das pessoas, e que estima o número de mortes geradas em 2050 em 155 países.

Até agora, "várias pesquisas foram centradas na segurança alimentar, mas poucas tiveram como foco os efeitos mais amplos da produção agrícola em matéria de saúde", apontou Marco Springmann, da Universidade de Oxford (Reino Unido), que dirigiu o estudo, em comunicado.

O aquecimento global se traduz sobretudo por fenômenos meteorológicos extremos como chuvas torrenciais ou secas, com efeitos devastadores nas produções agrícolas.

Se não forem tomadas medidas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, o aquecimento global pode reduzir "cerca de um terço" a melhoria prevista da quantidade de alimentos disponíveis de hoje a 2050, dizem os cientistas.

Individualmente, isso acarretaria uma diminuição média de 3,2% da quantidade de alimentos disponíveis, de 4% do consumo de frutas e verduras e de 0,7% de carne vermelha com relação a 2010, estimam os especialistas.

"Estas mudanças poderiam causar cerca de 529.000 mortos suplementares em 2050", estimam.

Sem mudança climática, o aumento do volume de alimentos disponíveis e do consumo pode impedir 1,9 milhões de mortes.

"Nosso estudo mostra que inclusive reduções modestas da quantidade de comida disponível por pessoa poderiam conduzir a mudanças no conteúdo energético e na composição dos regimes alimentares, e mostra também que estas mudanças terão consequências importantes para a saúde", ressaltou Springmann.

Os países mais afetados seriam aqueles de baixa e média renda, principalmente na região do Pacífico ocidental (264.000 mortos) e do Sudeste da Ásia (164.000).

Cerca de três quartos das mortes ocorreria na China (248.000) e Índia (136.000).