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Baleia "misteriosa" encontrada no Alasca é na verdade uma nova espécie

Esse esqueleto é de uma baleia encontrada em 2004 nas Ilhas Aleutas, no Alasca. Até agora não se sabia qual era a espécie desse mamífero aquático, mas cientistas descobriram que ela é da mesma espécie de uma outra baleia encontrada morta dez anos depois na ilha de St. George, também no Alasca - Unalaska City School District
Esse esqueleto é de uma baleia encontrada em 2004 nas Ilhas Aleutas, no Alasca. Até agora não se sabia qual era a espécie desse mamífero aquático, mas cientistas descobriram que ela é da mesma espécie de uma outra baleia encontrada morta dez anos depois na ilha de St. George, também no Alasca Imagem: Unalaska City School District

Do UOL, em São Paulo

26/07/2016 18h31

O corpo de uma baleia morta apareceu na costa da ilha St. George, uma das Ilhas de Pribilof, no mar de Bering, Alasca (EUA) em 2014. Ela não se parecia com nenhuma espécie conhecida até então, apesar dos seus mais de sete metros de comprimento. Por dois anos, a “identidade” daquela baleia permaneceu um mistério até que uma equipe internacional de cientistas finalmente conseguiu resolver o quebra-cabeças. Trata-se de uma nova espécie de baleia, ainda sem nome.

Baleeiros japoneses já haviam avistado aquela “baleia enigmática". Elas a chamavam de "karasu", palavra japonesa que quer dizer corvo, fazendo menção à cor preta do mamífero aquático. A nova espécie é mais escura e tem dois terços do tamanho de uma baleia-bicuda-de-Baird comum. Mas até para os baleeiros, eram raras as aparições dessa baleia escura.

Análises de DNA de 178 amostras de material genético de baleias da costa do Pacífico identificaram oito exemplares da nova espécie, segundo estudo publicado nesta terça-feira (26) na revista cientifica Marine Mammal Science. Entre os exemplares estava outra baleia “estranha” encontrada nas Ilhas Aleutas, no Alasca, em 2004, dez anos antes da baleia aparecer morta na ilha de St. George. Mesmo sem saber qual era a espécie da baleia achada nas ilhas Aleutas, o esqueleto dela foi exposto na Unalaska High School.

As cicatrizes encontradas em algumas das amostras, que parecem ser de mordidas de tubarões tropicais, sugerem que essa espécie costuma transitar entre o norte do Japão até a Baja Califórnia (EUA), ou seja, assim como outras espécies de baleias-bicudas, elas costumam migrar para águas tropicais.

“Claramente, essa espécie é muito rara e nos lembra o quanto nos falta aprender sobre os oceanos, mesmo sobre alguns dos seus maiores habitantes” Phillip Morin, biólogo molecular do NOAA Fisheries' Southwest Fisheries Science Center, um dos autores da pesquisa.

Antes, estudos feitos por pesquisadores japoneses já sugeriam que a baleia escura, que já foi considerada a uma forma “anã” da baleia-bicuda-de-Baird, poderia representar uma nova espécie. Os estudos da equipe de Morin confirmaram essa hipótese.

As baleias-bicudas estão entre as baleias menos conhecidas dos oceanos, com várias espécies identificadas apenas há algumas décadas. Elas têm bicos como golfinhos, conseguem mergulhar em águas profundas, nos cânions submarinos, para se alimentar de peixes e lulas que vivem nessa região.