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Emissão de gases do efeito estufa sobe no país e compromete Acordo de Paris

Rogério Assis/Greenpeace
Imagem: Rogério Assis/Greenpeace

Bia Souza*

Do UOL, em São Paulo

26/10/2016 12h07

O Brasil emitiu 66 milhões de toneladas de gases de efeito estufa a mais em 2015 do que no ano anterior. O dado, divulgado nesta quarta-feira (26), representa um aumento de 3,5% nas emissões brasileiras no período, segundo informações não oficiais da ONG Observatório do Clima. 

Foi emitido 1,927 bilhão de toneladas brutas de gás carbônico equivalente (CO2 e a soma de todos os gases convertidos em dióxido de carbono) no ano passado. Em 2014, era 1,861 bilhão de toneladas, de acordo com o novo levantamento do Seeg (Sistema de Estimativa de Emissões de Gases de Efeito Estufa), plataforma criada pela ONG.

Pará, Mato Grosso, Minas Gerais e São Paulo são os Estados que mais emitiram gases do efeito estufa. 

O nível de emissões está no mesmo patamar de 2010, quando o Brasil começou a implementar as metas com as quais se comprometeu em 2009, em Copenhague (COP 15), de cortar as emissões de gases de efeito estufa entre 36,1% e 38,9% .
 
"Temos de reduzir o desmatamento pela metade para cumprir a meta, mas em vez disso ele está aumentando."

Tasso Azevedo, coordenador do Seeg
 
A crise teve reflexo nas emissões do setor de energia, que apresentaram pela primeira vez desde 2009 uma queda (5,3% no ano passado), mas não tiveram nenhum impacto no desmatamento. Segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a taxa anual de perda da Amazônia, entre agosto de 2014 e julho de 2015, cresceu 25% em relação ao período anterior.
 
"A emissão de gases está crescendo mesmo com a recessão econômica. Precisamos tirar o Acordo de Paris do papel, precisamos falar sério sobre as metas de redução", afirmou Carlos Ritti, secretário executivo do Observatório do Clima.
 
O setor de mudança do uso do solo foi historicamente a principal fonte de gases de efeito estufa no Brasil, mas a queda do desmatamento de cerca de 80% entre 2004 e 2012 tinha sido o principal motivo pelo qual o país diminui sua contribuição com o aquecimento global. Segundo o levantamento, agora, porém, houve uma alta de 12% das emissões por mudança do uso da terra, considerando todos os biomas.
 
Apesar das ações adotadas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, dados publicados pela ONU (Organização das Nações Unidas), na segunda-feira (24), mostram que o volume desses gases atingiu as maiores proporções já vistas.

Em 2015, a concentração de CO2 e outros elementos bateu um novo recorde. 

* Com informações da Agência Estado