Topo

Nenhum país está no rumo certo para conter aquecimento abaixo de 2ºC

Jason Lee/Reuters - Datong (China), 2.out.2011
Imagem: Jason Lee/Reuters - Datong (China), 2.out.2011

Em Marrakech, Marrocos

17/11/2016 20h31

Nenhum país está alterando sua matriz energética suficientemente rápido para manter o aquecimento global abaixo de 2 graus Celsius, segundo um ranking de 58 nações responsáveis por 90% das emissões de CO2 relacionadas com combustíveis fósseis.

Apesar do aumento da produção de energias renováveis, especialmente solar e eólica, "a revolução energética necessária ainda está acontecendo muito lentamente", destacou o Índice de Desempenho de Mudanças Climáticas de 2017, apresentado paralelamente à conferência da ONU sobre o clima em Marrakech (COP22).

A avaliação anual das políticas e ações nacionais para deter o aquecimento global revelou que a União Europeia passou de líder para atrasada, com exceção de alguns de seus Estados-membros.

A França ficou no topo da lista, em parte devido ao seu papel na condução do histórico Acordo de Paris, assinado na capital francesa em dezembro passado.

A Suécia e o Reino Unido levaram a prata e o bronze, devido, principalmente, a políticas postas em prática por governos que já não estão no poder.

Canadá, Austrália e Japão ficaram na parte inferior do ranking, embora as recentes mudanças de governo em Camberra e Ottawa permitam antecipar futuras melhorias.

Os Estados Unidos, o segundo maior emissor de gases de efeito estufa do mundo depois da China, obtiveram uma classificação "pobre", perdendo terreno em todas as categorias, segundo o relatório.

Se o presidente eleito, Donald Trump, levar adiante as ameaças de retirar os Estados Unidos do pacto de Paris, a posição americana no ranking certamente cairá mais.

Até a China - que reduziu drasticamente o seu consumo de energias fósseis enquanto constrói instalações para produzir energia solar e eólica - obteve uma marca ruim, ficando no 48º lugar entre as nações.

"Os governos nacionais não têm mais desculpas para não consagrar o Acordo de Paris na legislação nacional", disse Jan Burck, da organização Germanwatch, principal autor do relatório.

O fato de o crescimento das energias renováveis continuar em ritmo acelerado apesar dos baixos preços do petróleo é um sinal positivo, acrescentou.

"Até agora, a queda nos preços do petróleo não causou um aumento na demanda por essa fonte de energia, ao mesmo tempo em que um número crescente de países está começando a virar as costas para o carvão", disse Burck.

No Acordo de Paris, 196 países se comprometem a limitar o aquecimento global bem abaixo de 2ºC e, se possível, abaixo de 1,5ºC.