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Em meio a surto de febre amarela, macaco é atacado com facão no RS

Bugio-ruivo se recupera no zoológico de Gramado - Helder Ramos/Divulgação Gramadozoo
Bugio-ruivo se recupera no zoológico de Gramado Imagem: Helder Ramos/Divulgação Gramadozoo

Do UOL, em São Paulo

01/02/2017 16h49

Um bugio-ruivo foi agredido com golpes de facão na zona rural de Nova Petrópolis, no Rio Grande do Sul. Veterinários suspeitam que o ataque tenha sido provocado por medo de que o primata tivesse febre amarela. Outro bugio-ruivo que também foi resgatado junto com ele havia levado um tiro e morreu. O bugio é uma espécie ameaçada de extinção.

O resgate foi feito pelo Corpo de Bombeiros em janeiro e o animal está sendo cuidado no zoológico de Gramado. Os ferimentos no rosto e na mão estão em fase final de cicatrização, mas ainda permanece em observação.

Os macacos não transmitem a febre-amarela, doença que contaminou mais de cem pessoas em zonas rurais do país neste ano e é transmitida por mosquitos. 

Importância dos macacos

"Queremos alertar que o bugio não transmite a doença", ressalta o veterinário Renan Stadler, responsável técnico do Gramadozoo. O vírus não é transmitido diretamente dos macacos aos humanos, portanto, a morte dos animais se torna um alerta para que sejam tomadas medidas de proteção da população.

É importante que não se matem os macacos, como ocorreu em alguns casos recentes e no último surto da doença em 2008. “Quem transmite, é o mosquito através da picada.”, explica.

No Brasil, a febre amarela silvestre é endêmica em toda região Norte e Centro-Oeste e em partes das regiões Sudeste, Sul e Nordeste. O vírus da doença está presente em macacos e pode passar para as pessoas pela picada de mosquitos Haemagogus ou Sabethes, típicos de área rural.

Desde dezembro do ano passado, foram notificadas ao Ministério da Saúde mortes de 796 primatas em 276 doenças. Dessas, 92 tiveram confirmação de febre amarela como causa, a maior parte em Minas Gerais (68), e o restante no Espírito Santo (17) e São Paulo (7). 

Febre amarela chegou nas cidades?

Não se tem registro de casos de febre amarela urbana no Brasil desde 1942. Isso porque o Aedes aegypti, que transmite dengue, zika e chikungunya, não é um bom transmissor da doença.

"Mas se uma pessoa que contraiu dengue na área rural for picada na cidade pelo Aedes aegypti, a doença poderá ser transmitida", explica o infectologista Celso Granato.

Quais são os sintomas?

A febre amarela possui sintomas repentinos, como febre alta, calafrios, cansaço, dor de cabeça, dor muscular, náuseas e vômitos. Essas primeiras manifestações podem durar até três dias.

Quem deve ser vacinado?

Nas cidades que vivem surto de febre amarela, a vacinação imediata é dada preferencialmente a pessoas que vivem em áreas rurais com casos suspeitos e a pessoas que nunca se imunizaram contra a doença. Segundo o Ministério da Saúde , todos os Estados estão abastecidos com a vacina e o país tem estoque suficiente para atender toda a população nas situações recomendadas.

A vacina é recomendada para moradores de toda a região Norte e Centro-Oeste, parte do Nordeste (Maranhão, sudoeste do Piauí, oeste e extremo-sul da Bahia), do Sudeste (Minas Gerais, oeste de São Paulo e norte do Espírito Santo) e do Sul (oeste do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul).

Para o restante do país, o órgão afirma que continuam valendo as orientações de praxe: quem reside em áreas onde a vacina é recomendada e pessoas que vão viajar para regiões silvestres, rurais ou de mata dentro dessas áreas, devem se imunizar. A vacina deve ser tomada 10 dias antes da viagem para região de risco.