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Aquecimento global altera temporadas de cheias na Europa, aponta estudo

Thomas Peter/Reuters
Imagem: Thomas Peter/Reuters

Em Washington

10/08/2017 21h00

O aquecimento global está alterando as temporadas de cheias na Europa, fazendo com que alguns rios inundem cedo e outros mais tarde do que o habitual, um fenômeno que afeta a agricultura e o cotidiano em toda a região, disseram pesquisadores nesta quinta-feira.

Um estudo publicado na revista americana Science é o maior do tipo já realizado na Europa, e abrange 50 anos e uma vasta quantidade de dados de mais de 4.000 estações hidrométricas de 38 países.

"No nordeste da Europa, Suécia, Finlândia e Países Bálticos, as inundações agora tendem a ocorrer um mês antes do que nas décadas de 1960 e 1970", destacou o autor principal do estudo, Guenter Bloeschl, professor do Instituto de Engenharia Hidráulica e Gestão de Recursos Hídricos da Universidade de Tecnologia de Viena (TU Wien).

"Naquela época, elas ocorriam tipicamente em abril, hoje em março. Isso ocorre porque a neve derrete mais cedo do que antes, como resultado de um clima em aquecimento", acrescentou.

As inundações de inverno ao longo da costa atlântica da Europa Ocidental tendem a ocorrer mais cedo, quase no outono, porque os níveis máximos de umidade do solo agora são alcançados mais cedo no ano.

Enquanto isso, as inundações em partes do norte da Grã-Bretanha, do oeste da Irlanda, das costas da Escandinávia e do norte da Alemanha agora tendem a ocorrer cerca de duas semanas depois do que há duas décadas.

As tempestades ocorrem mais tarde no inverno do que antes, uma tendência que provavelmente "está associada a um gradiente de pressão do ar modificado entre a linha do Equador e o polo, o que também pode refletir o aquecimento climático", disse o estudo.

E à medida que a costa do Mediterrâneo esquenta, os eventos de enchentes costeiras em algumas regiões ocorrem mais tarde na temporada.

"O tempo das inundações em toda a Europa ao longo de muitos anos nos dá uma ferramenta muito sensível para decifrar as causas das enchentes", disse Bloeschl. "Podemos, assim, identificar conexões que antes eram puramente especulativas", acrescentou.