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36% dos alimentos têm agrotóxico proibido ou acima do limite, indica estudo

Bananas à venda na feira da Ceagesp, em São Paulo - Diego Padgurschi /Folhapress - 30.set.2015
Bananas à venda na feira da Ceagesp, em São Paulo Imagem: Diego Padgurschi /Folhapress - 30.set.2015

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

31/10/2017 00h01

Uma pesquisa inédita do Greenpeace, divulgada nesta terça-feria (31), revela que 36% de alimentos comuns à dieta do brasileiro e vendidos em três feiras livres de São Paulo e Brasília contêm resíduos de agrotóxicos proibidos ou acima do limite. O levantamento foi feito entre os dias 11 e 13 de setembro com alimentos comprados nas centrais de abastecimento do São Paulo e Brasília e na zona cerealista de São Paulo.

Os alimentos comprados para a pesquisa foram: arroz branco, arroz integral, feijão preto, feijão carioca, mamão formosa, tomate, couve, pimentão verde, laranja, banana nanica, banana prata e café.

Os 12 itens foram comprados nas feiras e as amostras enviadas ao Laboratório de Resíduos de Pesticidas do Instituto Biológico de São Paulo, ligado ao governo do Estado. "Os resultados são preocupantes", diz o estudo, citando que os resíduos ilegais incluem "agrotóxicos não permitidos para determinadas culturas e casos em que foram encontrados limites acima dos máximos estipulados por lei".

Ao todo foram testados 113 quilos de alimentos, que foram divididos em 50 amostras diferentes. Dessas amostras, 30 (60%) continham resíduos de agrotóxicos --o que não significa irregular. Em 18 amostras, havia ou quantidade acima do permitido de agrotóxico ou produto não permitido para aquele tipo de cultura.

Em 17 amostras, foi observada a presença de mais de um tipo de agrotóxico.

Em três das quatro amostras de mamão, por exemplo, tinham quatro tipos diferentes de resíduos. "Uma delas apresentou um pesticida não permitido para o mamão, a famoxadona, e um outro resíduo em níveis muito acima (nove vezes) do permitido, o difenoconazol.".

Em duas amostras de pimentão, uma de São Paulo e uma de Brasília, foram encontrados sete tipos de resíduos, incluindo agrotóxicos proibidos para esse alimento.

"A presença de mais de um agrotóxico agrega uma preocupação a mais para a saúde das pessoas por conta do chamado 'efeito coquetel', ou seja, a possibilidade de interação entre os produtos gerando efeitos que não são investigados pelas autoridades durante o registro", diz o estudo.

De acordo com a pesquisadora Karen Friedrich, da Fiocruz, o consumo de agrotóxicos causa, entre outros problemas, alterações hormonais, comprometimento da tireoide, dos hormônios sexuais e até câncer. 

Resultado esperado

Apesar do campo de pesquisa ser restrito, para o Greenpeace não há dúvida que o cenário é semelhante em todas as demais feiras e mercados do país.

Segundo a engenheira agrônoma Marina Lacorte, integrante da campanha de agricultura e alimentação do Greenpeace, os dados encontrados já eram esperados por conta de outros dados já publicados. "Os dados foram bem parecidos com o que o programa da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) vem encontrando. Mais da metade do que a gente come tem resíduo", explica.

Quem deveria fiscalizar?

Anvisa: É a responsável por analisar se a quantidade de agrotóxico presente no alimento é tóxico para o organismo humano

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento: deve fiscalizar estabelecimentos comerciais que produzem, importam ou exportam agrotóxicos

Ibama e Ministério do Meio Ambiente: deve garantir que os agrotóxicos usados na agricultura não causem problemas ao ambiente, como rios e matas nativas

O que fazer?

- Lavar os alimentos com água em abundância e retirar a casca --o que não tira todo o agrotóxico
- Vinagre ou cloro para alimentos matam os micro-organismos
- A melhor saída é conhecer a procedência dos alimentos e/ou comprar produtos orgânicos