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Baleia encontrada na Noruega pode ser "espiã" treinada pela Marinha russa

Baleia branca encontrada nadando perto de barco de pescadores noruegueses e que carregava uma "coleira" - Joergen Ree Wiig/Norwegian Direcorate of Fisheries Sea Surveillance Unit via AP
Baleia branca encontrada nadando perto de barco de pescadores noruegueses e que carregava uma "coleira" Imagem: Joergen Ree Wiig/Norwegian Direcorate of Fisheries Sea Surveillance Unit via AP

Do UOL, em São Paulo

29/04/2019 18h05

Especialistas em vida marinha da Noruega acreditam que encontraram uma baleia branca que foi treinada pela Marinha russa como parte de um programa de operações especiais. As informações são do jornal britânico Guardian.

Pescadores que estavam no mar perto da vila de Inga afirmaram, na semana passada, que uma baleia branca que usava um tipo de coleira começou a perseguir o barco de pesca.

"Nós íamos colocar as redes na água quando vimos a baleia nadando entre os barcos. Quando ela veio até nós e nos aproximamos, vimos que ela tinha um tipo de coleira", afirmou o pescador Joan Hesten ao canal de TV noruegues NRK.

Os pescadores também disseram que a baleia parecia trazer algo que poderia ser uma câmera ou uma arma. As suspeitas aumentaram quando a coleira foi retirada do mamífero e os especialistas conseguiram ler as palavras "equipamento de São Petersburgo". A baleia também era muito mansa e parecia acostumada com humanos.

"Se esta baleia vem da Rússia, e há fortes razões para acreditar nisso, quem fez isto não foram cientistas russos, mas sim a Marinha", disse Martin Biuw, do Instituto de Pesquisa Marinha da Noruega, ao Guardian.

Segundo Audun Rikardsen, professor do departamento de Biologia Ártica e Marinha da Arctic University, a Rússia mantém baleias domésticas em cativeiro e algumas foram libertadas recentemente.

"Elas costumam procurar barcos", acrescentou o professor, que entrou em contato com russos que apontaram a Marinha de Murmansk, no norte da Rússia, como potencial proprietário do animal.

"Golfinhos militares"

Na década de 1980, a Marinha soviética recrutava golfinhos para treinamento militar, já que esses animais são eficazes na detecção de armas, devido a características como a visão nítida, a discrição e a boa memória.

Em 2017, a TV Zvezda, do ministério da Defesa, revelou que a Marinha russa havia voltado a treinar golfinhos, baleias e focas para fins militares nas águas polares.

Nos últimos três anos, o presidente russo, Vladimir Putin, reabriu três antigas bases militares soviéticas da costa do Ártico.

Os últimos treinamentos de mamíferos marinhos na Rússia ocorreram no Instituto de Investigação de Biologia Marinha de Murmansk. As baleias foram usadas para "combater investidas em bases navais" em regiões árticas, "ajudar mergulhadores em águas profundas e matar, se necessário, estranhos que entrassem no seu território".

Os golfinhos e as focas foram treinados para transportar ferramentas para mergulhadores e detectar torpedos, minas e munições afundadas até 120 metros de profundidade.

O Instituto de Murmansk concluiu que os golfinhos e as focas eram mais adequados para o treinamento e para o clima ártico do que as baleias, consideradas muito sensíveis ao frio e sem o mesmo "profissionalismo" das focas, que tem uma memória melhor, na hora de lembrar comandos oficiais.