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Ministro do Ambiente de Temer diz que Bolsonaro recusou grupo de transição

Ricardo Salles sucedeu Duarte na pasta - Jales Valquer/Fotoarena/Folhapress
Ricardo Salles sucedeu Duarte na pasta Imagem: Jales Valquer/Fotoarena/Folhapress

Wanderley Preite Sobrinho

Do UOL, em São Paulo

08/05/2019 14h18

Em tom de desabafo, o ministro do Meio Ambiente de Michel Temer, Edson Duarte, afirmou hoje em São Paulo que a equipe de transição do presidente Jair Bolsonaro recusou receber a equipe de transição preparada por ele depois das eleições. De acordo com o ex-ministro, o novo governo não quis receber o dossiê preparado com "informações estratégicas" sobre as políticas públicas do setor.

Duarte decidiu "quebrar o silêncio" durante o encontro com outros sete ex-ministros do Meio Ambiente, que hoje divulgaram um manifesto contras as políticas ambientais do governo Bolsonaro. "Por um princípio ético, não falei sobre isso antes em respeito ao ministro que estava entrando", admitiu. "Mas agora estamos reunidos aqui justamente para contestar os rumos dessa administração."

De acordo com ele, após as eleições, a pasta criou uma comissão de transição. "Cuidamos de tudo para que houvesse uma boa transição, como sempre deve ser", disse. "Fizemos diversas reuniões internas, priorizando as informações estratégicas na área ambiental. Passamos tudo para um documento", disse.

A comissão, no entanto, não foi recebida. "Fomos surpreendidos por um comunicado, o primeiro que fizeram conosco, dizendo que nós não deveríamos passar nenhuma informação e que toda a equipe de transição estava afastada", afirmou. "Todo o trabalho foi perdido."

Era uma quantidade enorme de programas, subprogramas, parcerias; informações que precisavam ser conhecidas durante uma transição de governo. Mas eles se negaram a nos visitar e a pegar o material que fizemos. Ficou tudo sobre a mesa."

Edson Duarte, ex-ministro do Meio Ambiente

"Jovens nas ruas"

Durante sua fala sobre o manifesto apresentado, Duarte afirmou que, ao longo dos anos, um novo governo sempre deu continuidade às políticas ambientais do anterior, "apesar das diferentes formações ideológicas". "Todos trouxeram avanços na área. O que assistimos agora é um prejuízo irreversível ao que foi construído durante os governos anteriores."

Ex-ministro da pasta no governo Itamar Franco, Rubens Ricupero (1993-1994) declarou que o grupo pretende levar o manifesto à Procuradoria-Geral da República e aos presidente dos demais Poderes: "Câmara, Senado e Supremo". "Exortamos as juventudes das escolas, as crianças, como nos Estados Unidos e na França. Que saiam às ruas e praças porque o que está em jogo é o futuro desses mesmos jovens, que vão sentir na prática essa politica irracional que estamos assistindo."