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Salles volta a atribuir queimadas a seca, ao contrário do que indica Ipam

Do UOL, em São Paulo

27/08/2019 02h05

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, voltou a atribuir ao tempo seco a intensificação nas queimadas observadas no país neste ano. Ele foi o entrevistado de ontem do programa Roda Viva, da TV Cultura, transmitido ao vivo pelo UOL.

Salles disse, a exemplo do que postou no Twitter em 20 de agosto, que o aumento das queimadas se deve a 2019 estar sendo um ano mais seco, sem chuvas, a exemplo do que aconteceu com 2016 e ao contrário do que ocorreu no ano passado, quando se teve menos incêndios.

"Quando a gente olha o gráfico de volume de queimadas ao longo dos últimos quinze anos, a gente vê uma coincidência total. Anos secos e mais quentes, mais queimadas. Anos úmidos com mais chuva, menos queimadas", disse.

"2016 tem um volume de queimadas muito parecido com esse que nós estamos vendo em 2019. O percentual de 2019 comparado com 2018 é porque o ano passado choveu muito, um ano mais úmido, menos queimadas, portanto, esse ano mais seco é claro que a diferença é muito maior. 2016 mais queimadas, 2017 e 2018 mais chuva portanto menos queimadas e 2019 mais queimadas."

Nota técnica do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) publicada em agosto, no entanto, contraria a versão, indicando que "o período seco, por si só, não explica este aumento", até porque "a estiagem deste ano está mais branda do que aquelas observadas nos anos anteriores". O órgão indica que o desmatamento teria mais peso na ocorrência de incêndios florestais.

"A ocorrência de incêndios em maior número, neste ano de estiagem mais suave, indica que o desmatamento possa ser um fator de impulsionamento às chamas, hipótese testada aqui com resultado positivo: a relação entre os focos de incêndios e o desmatamento registrado do início do ano até o mês de julho mostra-se especialmente forte", diz o documento.

O Ipam é uma organização científica e sem fins lucrativos que atua na região amazônica desde 1995.

A inconsistência foi alertada no Twitter pelo Observatório do Clima, uma das ONGs (organizações não governamentais) que fizeram a checagem em tempo real das informações dadas pelo ministro durante a entrevista. A iniciativa figurou na rede social com a hashtag #ChecaSalles.