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"Queimadas na Amazônia são verdadeiro apocalipse", diz bispo brasileiro

O bispo brasileiro Erwin Kräutler recebeu um prêmio considerado o "Nobel Alternativo" por defesa de índios e Amazônia - Holger Motzkau/Reprodução
O bispo brasileiro Erwin Kräutler recebeu um prêmio considerado o 'Nobel Alternativo' por defesa de índios e Amazônia Imagem: Holger Motzkau/Reprodução

Do UOL, em São Paulo

05/09/2019 13h59

O bispo austro-brasileiro Erwin Kräutler não poupou críticas à atual administração do governo brasileiro a respeito das queimadas na Amazônia.

Em entrevista ao jornal britânico The Guardian, o religioso comentou sobre a urgência nos últimos meses, consequência não só dos incêndios como também ameaças e um governo hostil, em suas palavras.

"Sempre houve incêndios na Amazônia. Quando são menores, a natureza se reconstrói dentro de alguns anos. Mas o que você está vendo agora é um verdadeiro apocalipse ", disse o arcebispo, que viveu aproximadamente 54 anos na região.

"Os incêndios deste ano superam qualquer coisa que você possa imaginar. Sem dúvida, é consequência de comentários de Bolsonaro sobre a abertura da Amazônia para empresas nacionais e multinacionais. Ele entende 'abrir a Amazônia' como uma licença para limpar uma floresta tropical e ganhar espaço para o gado pastar e plantar monoculturas como soja e cana-de-açúcar".

No início desta semana, o clero católico na Amazônia divulgou uma carta aberta condenando a violência e a intimidação que eles dizem estar sofrendo como resultado dos esforços para proteger a floresta, os povos indígenas e as comunidades pobres de mineradores e agricultores.

"Estamos profundamente decepcionados por hoje, em vez de serem apoiados e incentivados, nossos líderes serem criminalizados como inimigos da pátria", escreveram eles.

Os comentários de Erwin Kräutler colocarão nova pressão sobre o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, após críticas dos líderes do G7 no mês passado sobre o aumento do desmatamento no maior sumidouro de carbono terrestre do mundo.