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Amazônia: governo vê tendência de queda em queimadas em setembro

Homem em área desmatada em Porto Velho (RO), na Amazônia - CARL DE SOUZA/AFP
Homem em área desmatada em Porto Velho (RO), na Amazônia Imagem: CARL DE SOUZA/AFP

Felipe Amorim

Do UOL, em Brasília

23/09/2019 17h14

Números do Ministério da Defesa divulgados hoje apontam uma tendência de queda nos focos de queimada na Amazônia no mês de setembro em comparação com o total registrado no mesmo mês do ano passado.

Se a tendência for confirmada nos próximos dias até o fim do mês, é esperado que setembro reverta a alta nas queimadas registrada em agosto deste ano. Em agosto, o número de focos de calor registrados por satélite na região da Amazônia foi 196% maior que no ano anterior e 19% acima da média histórica para o mês.

Em setembro, dados compilados até ontem mostram que o número de focos de calor está 31% abaixo do registrado em setembro do ano passado e 48% abaixo da média histórica para o mês.

Apesar de restarem ainda oito dias para o fim de setembro, os números mostram uma tendência de queda, segundo técnicos da Defesa que atuam no monitoramento da Amazônia.

O satélite consegue registrar o número de focos de calor, que nem sempre correspondem a um incêndio na mata. Um foco de calor pode ser detectado por outras causas naturais, sem que haja fogo.

Por outro lado, uma queimada também pode conter apenas alguns ou centenas de focos de calor, a depender de sua extensão. Apesar disso, este é o principal indicador para medir a atuação do fogo na região da floresta.

Este ano, os satélites do governo registraram 17 mil focos de calor em setembro, até ontem, e 30 mil focos de calor no mês de agosto.

Historicamente os meses de agosto e setembro são os que mais registram queimadas na Amazônia, em parte por serem meses com menos chuvas na região. Setembro apresenta uma média de focos de calor maior que agosto, com 33 mil focos na média histórica, ante 25 mil no mês anterior. O monitoramento é feito pelo Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia), que usa os mesmos satélites e dados utilizados pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Os dados foram apresentados em entrevista coletiva a imprensa pelo ministro da Defesa, Fernando Azevedo, e por técnicos do governo que lidam com o combate ao fogo na Amazônia.

Hoje, completou um mês que foi autorizada a atuação especial das Forças Armadas para combater o fogo na região.

As queimadas na Amazônia brasileira provocaram debate internacional sobre a preservação da floresta - Felipe Werneck/Ibama - Felipe Werneck/Ibama
As queimadas na Amazônia brasileira provocaram debate internacional sobre a preservação da floresta
Imagem: Felipe Werneck/Ibama

A operação de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) foi autorizada no dia 23 de agosto e prorrogada por mais um mês na última sexta-feira (20). Com isso, a operação deve ficar em atividade até o dia 24 de outubro. A GLO envolve a atuação do Exército, Marinha, Aeronáutica, órgãos ambientais e órgãos de segurança dos estados da região.

O ministro Fernando Azevedo afirmou que o reforço na atuação das Forças Armadas contribuiu para reduzir os focos de queimadas na região. "O poder dissuasório de uma operação dessa é muito grande. Então isso ajuda a prevenir os incêndios", disse Azevedo.

Desde o início da operação na Amazônia, foram emitidos R$ 36 milhões em multas ambientais, relacionadas à operação de GLO. A opoeração envolve a atuação do Exército, Marinha, Aeronáutica, órgãos ambientais e órgãos de segurança dos estados da região.

As multas ambientais aplicadas não estão relacionadas apenas a queimadas irregulares, mas também a outras infrações, como o desmatamento e o garimpo ilegal. No total, foram aplicadas 112 multas por infrações ambientais.

Além das multas, 63 pessoas foram presas e foram apreendidos 28 veículos e 87 embarcações utilizados nas atividades ilegais.

O ministro da Defesa afirmou que nesse período foram combatidos cerca de 500 focos de incêndio pelas equipes terrestres e outros 250 focos por aeronaves.

Segundo Azevedo, houve "alarde" na repercussão sobre as queimadas na Amazônia. "Aquele alarde que foi feito da Amazônia em chamas, não é bem assim", disse. "Mas preocupações existem", afirmou o ministro.