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Investigação da Marinha aponta outro tipo de óleo em barris que poluíram NE

Barril encontrado em praia de Barra dos Coqueiros (SE) com óleo derramado está sendo investigado por autoridades - Adema
Barril encontrado em praia de Barra dos Coqueiros (SE) com óleo derramado está sendo investigado por autoridades Imagem: Adema

Carlos Madeiro

Colaboração para o UOL, em Maceió

10/10/2019 14h37Atualizada em 10/10/2019 21h33

Autoridades e pesquisadores estão investigando um outro tipo de óleo encontrado dentro de barris que apareceram na costa do Nordeste na mesma época em que surgiram as manchas de petróleo cru que já atingiram 63 municípios na região.

A Marinha já sabe que o material colhido de um tambores em Sergipe não é similar ao que foi achado nas praias nordestinas —o que levanta a hipótese de ter havido mais de uma fonte de vazamento no mar.

Agora a investigação tenta saber a origem dos barris e do óleo que eles continham. Em setembro, três tambores foram achados na região: dois em Sergipe e um em Alagoas. Em Alagoas, foram achadas ainda duas bombonas, frascos usados para armazenar gases ou produtos químicos, com inscrições de Singapura e material usado para contenção de incêndios.

Barril 3 - IMA - IMA
Bombona encontrada em praia com etiqueta relacionada a Singapura
Imagem: IMA

Segundo a Adema (Administração Estadual do Meio Ambiente de Sergipe), os tambores foram achados em Aracaju e em Barra dos Coqueiros. Um deles estava aberto e derramou parte do produto do óleo que continha. A imagem do barril com óleo escuro foi uma das principais fotografias que ilustraram veículos de imprensa do Brasil e do mundo para ilustrar o acidente ambiental na costa nordestina.

Ainda segundo o órgão, o material foi recolhido por uma empresa ligada a Petrobras, que teria encaminhado amostras dos produtos para análise.

Já em Alagoas, o coordenador do Gerenciamento Costeiro do IMA (Instituto do Meio Ambiente de Alagoas), Ricardo Cesar de Barros Oliveira, disse que ainda se sabe se as bombonas achadas em setembro, em Jequiá da Praia, têm relação com barril encontrado no município de Piaçabuçu, no início do mês. "Apareceram também umas garrafas de água no Ceará também da Ásia. A gente não sabe se elas também têm a mesma origem das bombonas", diz.

Barril 1 - Adema - Adema
Barril que surgiu em Sergipe estava com conteúdo derramado
Imagem: Adema

Achados da Marinha

O material recolhido de um dos tambores está sendo analisado pelo Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira, que faz pesquisas em ciências do mar pela Marinha em Arraial do Cabo (RJ).

"Os resultados obtidos indicaram que o produto desses barris difere do encontrado nas demais praias do litoral nordestino. A origem do incidente está sendo investigada pela Marinha do Brasil, ainda sem resultados", informa.

Ainda de acordo com o instituto, os dados disponíveis ainda não permitem concluir se os incidentes tratam-se ou não de eventos distintos.

O material recolhido em Sergipe também está sendo analisado por pesquisadores do Laboratório de de Petróleo e Energia da Biomassa da UFS (Universidade Federal de Sergipe).

Barril 2 - IMA - IMA
Bombona encontrada em Alagoas está sendo analisada
Imagem: IMA

Segundo o chefe da apuração, Alberto Wisniewski Júnior, as análises feitas até o momento pelo laboratório apontam para conclusão semelhante à da Marinha. "Estou trabalhando nessa linha", afirma.

Segundo ele, barris não devem jogados voluntariamente no mar por barcos. "Não é o tipo de material que se descarta em mar propositadamente, pelo menos essa é a linha de raciocínio. Um acidente poderia ter levado a desprender esses artefatos. Mas no momento todas as hipóteses estão sendo consideradas", explica.

Segundo Júnior, os tambores podem ajudar a desvendar a origem do óleo que polui o Nordeste. "Não só pelo aspecto do material que eles contêm, mas podem ter outras informações que possam indicar de onde partiram e consequentemente podem ter relação com o óleo das praias. Neste início, tudo está sendo considerado", diz.

Segundo análise da Petrobras, o óleo achado nas praias não é de origem nacional, nem é comercializado no país. A empresa não se pronunciou até o momento sobre o material contido nos barris.