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No RJ, óleo do Nordeste deve chegar até Búzios sem impacto ambiental

Fragmentos de óleo vazado no Nordeste foram recolhidos em praia de São Francisco de Itabapoana, no Norte Fluminense (RJ) - Divulgação/Prefeitura de São Francisco de Itabapoana
Fragmentos de óleo vazado no Nordeste foram recolhidos em praia de São Francisco de Itabapoana, no Norte Fluminense (RJ) Imagem: Divulgação/Prefeitura de São Francisco de Itabapoana

Gabriel Sabóia

Do UOL, no Rio

28/11/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Fragmentos de óleo do NE devem atingir a Região dos Lagos, no RJ
  • Os impactos ambientais devem ser mínimos na costa do RJ, diz especialista
  • Engenheiro descarta que detritos cheguem à região metropolitana do Rio

A confirmação da Marinha de que fragmentos de óleo oriundos do derramamento que atingiu a costa do Nordeste foram encontrados em praia de São Francisco de Itabapoana, no Norte Fluminense, acendeu o alerta de moradores do litoral do Rio de Janeiro para eventuais desastres ambientais.

Pesquisadores envolvidos na força-tarefa que monitora o avanço do óleo através de satélites estimam que os resíduos devem se espalhar nas próximas semanas por cerca de 200 km e atingir a Região dos Lagos do estado, onde ficam destinos turísticos como Búzios, Cabo Frio e Arraial do Cabo.

Os resíduos que podem aparecer nas praias da região, porém, não são sinônimo de impactos ambientais, de acordo com o engenheiro Luiz Paulo Assad, que compõe a equipe da Coppe/UFRJ (instituto de pós-graduação e pesquisa de engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro) que auxilia o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a Marinha e o Ibama no acompanhamento da mancha através de satélites.

"Os impactos ambientais serão mínimos em toda a costa do Rio de Janeiro, já que o volume de óleo que chegou ao estado é considerado irrelevante para o ecossistema", afirma.

O especialista explica o porquê de não trabalhar com a possibilidade de que os detritos cheguem à região metropolitana.

"O mapa do estado mostra que há uma 'curva' no litoral que dificultaria a chegada à capital. Podemos ver que há uma 'quebra', com uma parte da costa alinhada com o leste e outra com o oeste, o que acaba influenciando nas marés", diz.

De acordo com o almirante Eduardo Dias, que também compõe do grupo de trabalho, todo óleo recolhido no Sudeste até o momento não equivale a 1% do desastre ambiental.

"O volume de óleo que chegou ao Rio de Janeiro até o momento é muito baixo se comparado ao que atingiu as águas do Nordeste. Até o momento, monitoramos algo em torno de 320 gramas. Se somados os resíduos de óleo recolhidos em praias do Rio e do Espírito Santo, não se chega a 0,8% do desastre", diz.

Os estudos de marés e incidência de ventos na dispersão da mancha, neste momento, se tornam ainda mais difíceis, de acordo com o engenheiro. Isso porque os detritos que chegam ao Sudeste já não se encontram no espelho d'água, como notado no Nordeste.

"As imagens de satélites e radar já não são tão efetivos, já que o que sobrou de óleo tem se movido um pouco abaixo da superfície do mar, o que torna o monitoramento mais difícil. As imagens vistas agora mostram detritos cada vez menores chegando às praias", explica.

Mais de 740 localidades atingidas

As primeiras manchas de óleo foram localizadas no litoral da Paraíba no dia 30 de agosto e, segundo levantamento do Ibama, desde então, o óleo atingiu mais de 740 localidades. A região Nordeste foi a mais prejudicada. Ao menos 117 municípios do Nordeste e do Espírito Santo foram afetados por fragmentos ou manchas de petróleo cru.

Em evento no último sábado (23) na capital fluminense, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse que o governo ainda não sabe quanto de óleo ainda tem no mar.

"Na pior hipótese, um petroleiro, caso tenha jogado no mar toda sua carga, menos de 10% chegaram à nossa costa ainda. Então, nos preparemos para o pior."

A Marinha informou, por meio de nota, que as fábricas de cimento Votorantim, em Sergipe e Ceará; Apodi, no Ceará; Intercement, na Bahia; e Mizu, no Rio Grande do Norte, estão recebendo os resíduos de óleo recolhidos nas regiões atingidas, colaborando com as ações de destinação final do material oleoso.

Atualmente, foram limpas as praias localizadas nos estados do RJ, ES, PI, CE, RN e PB. No entanto, permanecem com vestígios de óleo e com ações de limpeza em andamento: Araioses (MA); Barreiros, Ipojuca, Paulista e Tamandaré (PE); Japaratinga, Barra de São Miguel, Feliz Deserto, Jequiá da Praia e Piaçabuçu (AL); Estância e Itaporanga (SE); Ilhéus, Igrapiúna e Cairu (BA).