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Sem consenso, COP25 alcança acordo mínimo sobre mudança climática

Do UOL, em São Paulo*

15/12/2019 08h37

Os negociadores da Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, a COP25, realizada em Madri, na Espanha, chegaram a um acordo mínimo hoje, longe de responder firmemente à urgência climática, conforme reivindicado pela ciência e pela sociedade civil.

Após duas semanas de negociações, a conferência concordou em pedir aos países que aumentem suas metas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa no próximo ano, o que é essencial para tentar conter o aquecimento a menos de +2°C, mas não emitiu nenhum sinal forte de que intensificará e acelerará a ação climática.

As negociações terminaram sem acordo sobre um dos principais pontos em debate: a regulação global do mercado de créditos de carbono. As delegações concordaram em melhorar as metas de redução de emissões de gases do efeito estufa e em ajudar países vulneráveis às mudanças climáticas, mas adiaram a discussão sobre o mercado de créditos de carbono para a COP26, que acontecerá em Glasgow, Escócia, em novembro de 2020.

O conceito foi estabelecido pelo Protocolo de Kyoto, assinado em 1997, e permite a venda de créditos de emissões de dióxido de carbono (CO2) de países que superam suas metas para nações mais poluentes.

O mercado de carbono é um dos pilares do Acordo de Paris de 2015, mas os países ainda não conseguiram chegar a um consenso para regular essa comercialização e fixar um preço para as emissões de CO2.

No atual ritmo de emissão de gases do efeito estufa, a temperatura pode aumentar até 4 ou 5°C até o final do século. Mesmo que os cerca de 200 signatários do Acordo de Paris respeitem seus compromissos, o aquecimento global seria superior a 3°C.

Todos os países deverão apresentar até a COP26 uma versão revisada de seus compromissos. Nesta fase, cerca de 80 países se comprometeram a apresentar um aumento de suas ambições, mas eles representam apenas cerca de 10% das emissões globais. E quase nenhum dos maiores emissores, China, Índia ou Estados Unidos, parece querer se juntar a este grupo.

Mais cedo, a ativista Greta Thunberg lamentou o caminho das negociações e disse que a ciência não pode ser ignorada. "Parece que #cop25 em Madri está desmoronando agora. A ciência é clara, mas a ciência está sendo ignorada. Aconteça o que acontecer, nunca desistiremos. Nós apenas começamos", escreveu Greta no Twitter.

Na última quarta-feira, a ativista, de apenas 16 anos, foi eleita a personalidade do ano pela revista Time.

Salles diz que COP "não deu em nada"

No Twitter, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que foi a Madri, escreveu que o encontro "não deu em nada". "Países ricos não querem abrir seus mercados de créditos de carbono. Exigem medidas e apontam o dedo para o resto do mundo, sem cerimônia, mas na hora de colocar a mão no bolso, eles não querem. Protecionismo e hipocrisia andaram de mãos dadas, o tempo todo", escreveu.

*Com informações da Ansa e AFP