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Aumento da temperatura vai matar mais que doenças infecciosas, diz estudo

Planeta aqueceu cerca de 1 ºC, em média, desde o início da industrialização em massa - Getty Images
Planeta aqueceu cerca de 1 ºC, em média, desde o início da industrialização em massa Imagem: Getty Images

Do UOL, em São Paulo

04/08/2020 10h39Atualizada em 04/08/2020 11h36

O crescente número de mortes devido ao aumento da temperatura global chegará perto de exceder o número atual de óbitos provocados por todas as doenças infecciosas combinadas se as emissões que causam o aquecimento do planeta não forem controladas, diz um novo estudo publicado pelo National Bureau of Economic Research.

As partes mais pobres e quentes do mundo devem ser as mais prejudicadas, com dificuldade em se adaptar a condições insuportáveis. Mas as perdas, inclusive econômicas, serão sentidas também pelos países ricos.

As taxas de mortalidade global serão aumentadas em 73 mortes por 100 mil pessoas até o final do século. Isso quase coincide com o número atual de mortes por todas as doenças infecciosas, incluindo tuberculose, aids, malária, dengue e febre amarela.

A pesquisa usou um enorme conjunto de dados globais de registros de morte e temperatura para ver como eles estão relacionados, reunindo não apenas causas diretas, como insolação, mas também ligações menos óbvias, como um aumento de ataques cardíacos durante uma onda de calor.

"Muitas pessoas idosas morrem devido a efeitos indiretos do calor", disse Amir Jina, economista ambiental da Universidade de Chicago e co-autor do estudo. "É assustadoramente semelhante à covid-19. Pessoas vulneráveis são aquelas que têm condições pré-existentes ou subjacentes. Se você tiver um problema no coração e for martelado por dias pelo calor, será empurrado para o colapso."

Países como Gana, Bangladesh, Paquistão e Sudão enfrentam 200 ou mais mortes adicionais por 100 mil pessoas. Lugares mais frios e ricos, como Noruega e Canadá, vão sofrer uma queda nas mortes à medida que menos pessoas sejam vitimadas pelo frio extremo.

"Você vê os impactos realmente ruins nos trópicos", disse Jina.

"Não existe uma condição única, há muitas mudanças diferentes nas pessoas mais pobres, muito mais afetadas, com capacidade limitada de adaptação. Os países mais ricos, mesmo que tenham aumentos na mortalidade, podem pagar mais para se adaptar a ela. Na verdade, são as pessoas que menos fizeram para causar a mudança climática que sofrem com isso".

O custo econômico dessas mortes deve ser severo, custando ao mundo 3,2% da produção econômica global até o final do século, se as emissões não forem contidas.

Cada tonelada de dióxido de carbono emitido pelo aquecimento do planeta custará US$ 36,60 em danos, calcularam os pesquisadores.

O mundo aqueceu cerca de 1 ºC, em média, desde o início da industrialização em massa, um aumento que os cientistas dizem estar alimentando ondas de calor cada vez mais severas, incêndios, tempestades e inundações.

Ondas de calor enormes assolaram os Estados Unidos, Europa, Austrália, Índia, Ártico e outros países nos últimos anos, enquanto 2020 deve ser o mais quente ou o segundo mais quente já registrado.