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Greenpeace cita 'convite ao crime' após corte de verba em ações na Amazônia

35% do desmatamento na Amazônia entre agosto de 2018 e julho de 2019 se deu em terras públicas não destinadas, categoria visada por grileiros - Reuters
35% do desmatamento na Amazônia entre agosto de 2018 e julho de 2019 se deu em terras públicas não destinadas, categoria visada por grileiros Imagem: Reuters

Do UOL, em São Paulo

28/08/2020 18h32

O Greenpeace criticou hoje o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) após o Ministério do Meio Ambiente confirmar mais um corte de R$ 60 milhões em ações contra o desmatamento no Brasil.

Com isso, todas as operações contra o desmatamento ilegal na Amazônia Legal, bem como todas as operações de combate às queimadas no Pantanal e demais regiões do Brasil estão interrompidas.

"Mais uma vez o Governo Bolsonaro faz um convite ao crime. Haveria recursos financeiros ao Ibama e ICMBio se houvesse interesse em salvar a Amazônia e o Pantanal, mas não há. O governo trabalha para que o crime se sinta à vontade em sua ilegalidade e dolosamente enfraquece a autonomia e estrutura dos órgãos que teriam a real capacidade de reprimir ilícitos ambientais", escreveu, em nota, Mariana Mota, coordenadora de Políticas Públicas do Greenpeace.

"Nesse momento, em que nossos biomas pedem socorro, há recursos bloqueados do Fundo Amazônia, Fundo Clima e recursos direcionados ao teatro montado com as operações militares no Conselho da Amazônia", acrescentou.

Já o WWF Brasil afirmou ser um "absurdo" o cancelamento de todas as operações e "reforça a mensagem que vem sido emitida pelo governo federal de que o crime não será punido, e, portanto, compensa".

"É preciso lembrar que o Ministério do Meio Ambiente tem como dever fazer cumprir a legislação que protege o meio ambiente? Um dado que chama a atenção é que o Ibama gastou até dia 30 de julho apenas 19% dos recursos orçamentários deste ano previstos para prevenção e controle de incêndios florestais", disse ainda o WWF.

Em nota, o Ministério do Meio Ambiente declarou que as verbas bloqueadas são: R$ 20.972.195,00 do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e R$ 39.787.964,00 do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).

O valor, superior a R$ 60 milhões, vem a se somar à redução de outros R$ 120 milhões já previstos como corte do orçamento na área de meio ambiente para o exercício de 2021.

As operações afetadas já na segunda-feira (31) compreendem, no âmbito do combate às queimadas no Ibama, a desmobilização de 1.346 brigadistas, 86 caminhonetes, 10 caminhões e 4 helicópteros.

Nas atividades do Ibama relativas ao combate ao desmatamento ilegal serão desmobilizados 77 fiscais, 48 viaturas e 2 helicópteros.

No âmbito do ICMbio, nas operações de combate ao desmatamento ilegal serão desmobilizados 324 fiscais, além de 459 brigadistas e 10 aeronaves Air Tractor que atuam no combate às queimadas.

Segundo o secretário Esteves Colnago, do Ministério da Economia, bloqueio atual foi decidido pela Secretaria de Governo e pela Casa Civil da Presidência da República.