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Cinco anos após desastre, Samarco volta a operar em Mariana (MG) e Ubu (ES)

7.nov.2015 - Imagem aérea mostra o Complexo de Germano, da mineradora Samarco, na cidade de Mariana (MG); cinco anos após desastre, empresa volta a operar na região - Márcio Fernandes/ Estadão Conteúdo
7.nov.2015 - Imagem aérea mostra o Complexo de Germano, da mineradora Samarco, na cidade de Mariana (MG); cinco anos após desastre, empresa volta a operar na região Imagem: Márcio Fernandes/ Estadão Conteúdo

Douglas Porto

Do UOL, em São Paulo

11/12/2020 17h54

O prefeito de Mariana (MG), Duarte Júnior (Cidadania), anunciou a retomada das atividades da Samarco a partir de hoje na cidade. O fato ocorre cinco anos após o desastre ambiental do rompimento da Barragem de Fundão em novembro de 2015, que matou 19 pessoas e devastou 40 cidades de Minas Gerais e do Espirito Santo, além da Bacia do Rio Doce.

"Recebi ontem, em meu gabinete, para uma reunião de trabalho, o presidente da Samarco, Rodrigo Alvarenga Vilela, e informo a todos vocês que a empresa retorna as suas atividades hoje. Não haverá cerimônia ou evento para marcar o momento, respeitando as normas e também todos os familiares e vítimas do rompimento da barragem", explicou Duarte Junior em sua conta no Facebook.

Recebi ontem, em meu gabinete, para uma reunião de trabalho, o presidente da Samarco, Rodrigo Alvarenga Vilela, e...

Publicado por Duarte Júnior em Sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

Uma das justificativas para a retomada, segundo o chefe do executivo local, é a " importância da mineradora na geração de emprego" e ainda diz que "tenho a certeza que o reflexo deste retorno será positivo para milhares de famílias e, consequentemente, para toda cidade".

Além da retomada do concentrador de minérios no Complexo de Germano, em Mariana, a empresa também estará com uma usina de pelotização em Ubu, no Espírito Santo. Com isso, terá 26% da capacidade, com uma produção inicial prevista de aproximadamente 8 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, após ter conseguido licença ambiental aprovada por "órgãos competentes".

Procurada pelo UOL, a Samarco informa que usará três concentradores e uma nova planta de filtragem de rejeitos no Complexo de Germano, onde "permitirá que 80% do total de rejeitos a serem gerados, após o beneficiamento do minério, deixem de ser dispostos em barragens. O material será desaguado e posteriormente empilhado a seco na Pilha de Alegria Sul."

Ainda afirmam que "os 20% restantes, compostos por água e fino de minério, serão dispostos na Cava Alegria Sul, uma estrutura de contenção natural rochosa e mais segura. A água extraída com a filtragem será recirculada no processo produtivo tornando-o mais sustentável."

Medidas de reparação da Samarco são questionadas pelo Ministério Público

A Fundação Renova foi criada em 2016 pela Vale e BHP Biliton, companhias controladoras da Samarco, para lidar com negociações e processos de reparação. Porém, é constantemente acusada pelos atingidos de favorecer os interesses das mineradoras, atuando com uma série de empecilhos para não atender os interesses dos moradores.

Procuradores do MPF (Ministério Público Federal) e do MPMG (Ministério Público de Minas Gerais) afirmaram em ação expedida em outubro, que as mineradoras responsáveis pela Samarco não cumpriram os acordos firmados, que previam a contratação de assessorias técnicas para auxílio das famílias atingidas. Por isso, retomaram o pedido de multa em R$ 155 bilhões contra as empresas. A União e o estado de Minas Gerais também são réus no caso.

Em nota ao UOL, a empresa ratifica que "até setembro de 2020, foram destinados mais de R$ 10 bilhões para medidas que estão sendo conduzidas pela Renova, entidade autônoma e independente criada por meio do Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC)."