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'Gosma alienígena' ameaça vida marinha na Turquia

O "muco marinho" que cobre mar turco é natural em pequena quantidade, mas surto cria cobertor capaz de sufocar vida marinha - Mehmet Caliskan/Reuters
O "muco marinho" que cobre mar turco é natural em pequena quantidade, mas surto cria cobertor capaz de sufocar vida marinha Imagem: Mehmet Caliskan/Reuters

Do UOL, em São Paulo

05/06/2021 13h11Atualizada em 06/06/2021 13h54

Uma espuma grossa e marrom, conhecida na biologia como "muco marinho", cobriu as margens no mar der Marmara, próximo à cidade turca de Istambul, ameaçando destruir a vida marinha no local.

Segundo o jornal The Guardian, o muco, que acontece naturalmente nas águas salgadas, foi documentado pela primeira vez no país em 2007, quando também foi visto em parte da Grécia. Mas o atual "surto" da substância é o maior já registrado.

Segundo especialistas consultados pelo veículo britânico, a situação fora de controle foi causada pela combinação de poluição e aquecimento global, já que ambos os fatores servem de alimento para a proliferação das algas responsáveis por produzir o muco

O material, uma "sopa" de matéria orgânica, geralmente não é prejudicial, mas em grande quantidade pode atrair vírus e bactérias e se tornar um cobertor que sufoca a vida marinha abaixo dele.

"Claro que afeta nosso trabalho", disse o pescador Mahsum Daga, de 42 anos, em entrevista ao Guardian. "Sabe o que isso faz com mariscos? Quando eles abrem (as conchas), não conseguem mais fechar porque isso (o muco) fica no caminho. Todos os caramujos marinhos daqui estão mortos", concluiu.

Em vídeo produzido pela CNN Internacional, biólogos mergulharam no mar turco para mostrar a agonia das criaturas marinhas. Um deles avistou esponjas mortas e, ao esfregar o organismo, mostrou uma grande quantidade de muco se desprendendo.

Apesar de o fenômeno não ser inédito, a equipe local declarou ao veículo americano que essa é a primeira vez que a espuma ameaça a vida marinha na região, que nos últimos 15 anos viu o mar esquentar dois graus celsius.

Especialistas entrevistados pela CNN Internacional destacaram que o problema não é exclusivo da Turquia, com o muco sendo registrado no Mar Negro e Mediterrâneo.

"Claro que nós nos sentimos muito mal. Por que durante a nossa infância esse ecossistema era rico, mesmo 1 ano atrás, ele era saudável, mas agora é ruim", afirmou Baris Ozalp, professor de biologia marinha na Çanakkale Onsekiz Mart University.