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16/08/2005
Lula encurralado
Maioria dos brasileiros não acredita que o presidente nada soubesse

Editorial

A reputação do presidente brasileiro cambaleia na medida em que o escândalo de corrupção que sacode o Partido dos Trabalhadores (PT), no governo, se aproxima com novas revelações da figura de Luiz Inácio Lula da Silva.

Sua sombria mensagem à nação, na qual pediu perdão a seus concidadãos e afirmou não estar inteirado da trama delituosa que envolve o financiamento de seu partido e a compra de deputados do Congresso com dinheiro de empresas públicas, mostra até que ponto correm perigo o PT, o governo de esquerda e o futuro político de um presidente que chegou ao poder com os votos de 53 milhões de brasileiros e a marca de incorruptível.

A pior crise brasileira em muitas décadas não parou de crescer desde que os subornos vieram à luz em publicações jornalísticas e adquiriram carta de formalidade em junho, com as declarações de Roberto Jefferson, líder de um dos partidos aliados ao governo. Semana após semana, foram-se conhecendo, por meio da imprensa e da posterior investigação parlamentar em curso, novos detalhes da rede de venalidade montada pelo partido de Lula.

A popularidade do presidente, muito alta ao longo de seus dois anos e meio de mandato, agora despenca, sobretudo entre os que mais acreditaram em sua promessa de tolerância zero com a corrupção. As pesquisas não prevêem nada de bom para Lula nas eleições do próximo ano, se decidir candidatar-se. A oposição começa a estudar um processo de destituição.

A maioria dos brasileiros não acredita que o presidente nada soubesse. É pouco verossímil que Lula fosse permanentemente alheio a um esquema, em que está envolvida a cúpula de seu partido, onde demissões e renúncias se sucedem.

O braço-direito do presidente, seu amigo José Dirceu, um equivalente a primeiro-ministro, teve de se afastar depois de ser acusado de organizar a trama dos subornos. Com ele caiu o estado-maior do Partido dos Trabalhadores, um núcleo de esquerdistas veteranos que acompanhavam Lula desde a etapa da fundação.

Na última sexta-feira, o ex-presidente do Partido Liberal afirmou que Lula aprovou em 2002 o pagamento de 3,3 milhões de euros a sua formação para que se coligasse ao PT.

A corrupção não tem credo político, e a compra de deputados no Brasil faz parte de um sistema historicamente viciado. Mas é especialmente grave a descoberta de um vasto esquema delituoso a cargo de um partido que, ao longo de seus 25 anos de vida, pintou a si mesmo como a expressão máxima da virtude em política.

Agora, a maior incógnita da crise é como ela pode afetar a economia mais poderosa da América Latina e o manejo de sua formidável dívida pública. Seu contágio às finanças seria nefasto para o Brasil e para o conjunto do subcontinente.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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