O Governo e o Parlamento bascos comparecem ao desfile pela primeira vezMais uma vez, as vaias ao chefe do governo da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, marcaram o início do desfile militar do Dia da Festa Nacional. Entretanto, neste ano os gritos e assobios para o chefe do Executivo não se restringiram a sua chegada e subida ao camarote de onde viu o desfile, mas foram constantes durante a hora e meia de duração do evento. Parte do público proferiu gritos de "fora, fora" e "renuncia, Zapatero". Gritos que foram reproduzidos já com o Rei e a Rainha presentes depois de interpretado o hino nacional.
As câmeras captaram uma conversa entre Zapatero e o prefeito de Madrid, Alberto Ruiz-Gallardón, sobre as vaias. O chefe do governo afirmou que "já fazem parte do ritual", ao que Gallardón respondeu que "poderiam ter escolhido outro dia" para protestar contra o Executivo porque fazê-lo em um dia como hoje é "uma falta de respeito".
Após o desfile e a recepção do casal real no palácio da Zarzuela, Zapatero partiria aos Estados Unidos, onde amanhã se reúne com o presidente do país, Barack Obama.
Na recepção soube-se que o Rei e a Rainha também seriam recebidos por Obama em uma viagem oficial, que deve acontecer antes do Natal.
Presidiram o desfile o Rei e a Rainha, os Príncipes de Astúrias, a infanta Elena e os Duques de Palma, que foram recebidos na praça de Lima por Zapatero; a ministra da Defesa, Carme Chacón; a presidente da Comunidade de Madrid, Esperanza Aguirre, e o prefeito madrileno, entre outros, também compareceram ao local.
Entre as autoridades destacou-se o conselheiro do Interior e coordenador do governo basco, Rodolfo Ares, que compareceu ao evento representando o gabinete de Patxi López. É a primeira vez que o governo basco assiste ao desfile das Forças Armadas.
Ares se mostrou "orgulhoso" de representar no desfile militar o "governo basco, e assim o conjunto da sociedade basca", e considera sua presença "um ato de normalidade democrática de um governo autônomo que surge do Estatuto, um Estatuto que está marcado na Constituição".
Além de Ares, a presidente do Parlamento basco, Arantza Quiroga, também compareceu ao evento, no que seria a primeira participação de um presidente da Câmara autônoma nesta celebração.
Quem não compareceu à cerimônia, pelo segundo ano consecutivo, foi o presidente do governo da Catalunha, o socialista José Montilla.
O Rei conversará com Obama até o final do ano
O Rei conversará com o presidente dos EUA, Barack Obama, na Casa Branca, até o final do ano, como confirmou hoje o monarca em uma conversa com jornalistas durante a recepção oficial do Dia da Festa Nacional. Esse anúncio foi feito na véspera do encontro em Washington do chefe do governo, José Luis Rodríguez Zapatero, com o mandatário norte-americano.
Será a primeira reunião entre don Juan Carlos e o presidente americano desde que Obama substituiu George W. Bush à frente da administração americana. O Rei se encontrou em duas ocasiões com George W. Bush: em março de 2001 em Washington, e em novembro de 2004 no rancho do presidente dos Estados Unidos em Crawford (Texas), um almoço ao qual também compareceram a Rainha, George Bush pai e Laura Bush.
Foram numerosas as viagens do Rei e da Rainha aos EUA; na verdade foi o primeiro país que visitaram em junho de 1976 depois de serem proclamados Chefes de Estado. Desde então, don Juan Carlos se encontrou com Ronald Reagan duas vezes (1981 e 1987), com George Bush outras tantas (1991 e 1993), com Bill Clinton em três (1995 e 2000, em duas ocasiões) e com George W. Bush em outras duas (2001 e 2004).
O assessor de segurança nacional de Barack Obama, James Jones, afirmou recentemente que a administração americana gostaria que o Rei visitasse os Estados Unidos depois da viagem oficial que Zapatero fará nesta semana.
A Legião Espanhola, a preferidaDo desfile, que por causa das obras na praça de Colón aconteceu na praça de Cuzco, entre o Paseo de la Castellana e a rua Raimundo Fernández Villaverde de Madrid, participaram mais de 4.200 militares, 209 veículos e 58 aeronaves das Forças Armadas. Presidiram a parada don Juan Carlos e doña Sofia, que estavam acompanhados dos Príncipes de Astúrias, da infanta Elena e dos Duques de Palma.
Depois da chegada do casal real, uma equipe da Patrulla Paracaidista Acrobática del Ejército del Aire (Papea) saltou de um avião C-212 para aterrissar com a Bandeira Nacional diante da tribuna de autoridades. Com o hasteamento, foram homenageados a Bandeira Nacional e os que deram sua vida pela Espanha, ao som de "La muerte no es el final".
Depois dessas homenagens teve início a parada militar, que desta vez não começou com o desfile aéreo, mas sim com o desfile terrestre, seção de motos da Guarda Real encabeçando o Agrupamento Motorizado.
Antes do Agrupamento Blindado-Motorizado, desfilaram os veteranos e a Unidade Militar de Emergências (UME) e uma companhia da Guarda Civil. Foram seguidos pelos carros de combate da Brigada da Infantaria Blindada Guadarrama XII, da Brigada de Cavalaria Castillejos II, do Regimento da Infantaria da Marinha, da Artilharia Autopropulsada, Sapadores e Agrupamento de Transporte.
Em seguida, começou o desfile aéreo com os aviões de combate F-18, Mirage F-1, F-5 e Eurofighter, que concluiria, depois da passagem das aeronaves da Marinha e do Exército, com a Patrulla Águila que, com seus sete reatores, desenhariam as cores da bandeira nacional no céu madrileno.
De volta ao desfile terrestre, o primeiro Agrupamento a Pé foi encabeçado pela Guarda Real e incluiu as bandeiras e estandartes de algumas das unidades que desfilavam. Foi seguido por uma companhia com bandeiras da ONU, UE, e Otan, junto com as bandeiras de unidades que participaram de missões no exterior ao longo dos últimos vinte anos.
Este ano se comemora o vigésimo aniversário da participação espanhola em missões de paz. Atualmente, a Espanha tem mobilizados mais de 3 mil efetivos entre o Afeganistão, o Líbano, águas do Oceano Índico e a Bósnia-Herzegóvina.
Depois do desfile de unidades da Força Aérea, a Unidade Militar de Emergências, e a 3ª Unidade Paraquedista, assim como outra do Comando de Operações Especiais e uma de Esquiadores-Escaladores do Comissariado de Tropas de Montanha "Aragon", começou o terceiro e último agrupamento.
Esse terceiro Agrupamento foi composto pela Legião Espanhola e Regulares, unidades com passo específico. Com uma cadência rápida de 160 passos por minuto, terão unidades em desfile uma Bandera do Regimento "Gran Capitán" 1º da Legião com base em Melilla, e depois, mais lento, a 90 passos por minuto, os Grupos de Regulares 52 e 54 de Melilla e Ceuta, respectivamente.
Mais uma vez, a Legião Espanhola foi a unidade mais aplaudida pelo público do desfile.
A parada foi encerrada por unidades a cavalo, compostas pela Seção Hipomóvel da Guarda Real e pelo Esquadrão de Sabres da Guarda Civil.
O encerramento se deu quando a unidade da Armada arriou a bandeira nacional que presidiu a parada militar.
Sem menções ao "caso Gürtel"Durante a tradicional recepção oferecida pela Família Real em razão da Festa Nacional, o presidente do Partido Popular, Mariano Rajoy, esquivou-se de qualquer tipo de comentários sobre a abertura do sumário do caso Gürtel, apesar das insistentes perguntas dos jornalistas. Em relação às repercussões em Valencia, comentou somente que ainda pode-se tomar um banho no Mediterrâneo e lembrou um episódio de seu passado como recruta do Exército.
O atual líder do PP cumpriu o serviço militar obrigatório em Valencia, em um destino onde atribuíam a cada soldado uma tarefa de acordo com seus estudos, e ao explicar que era registrador imobiliário, o destinaram ao serviço de limpeza.
Tradução: Lana Lim