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04/05/2009

Diretora da OMS rebate críticas de reação exagerada

Financial Times
Por Andrew Jack
Em Londres
A diretora da Organização Mundial de Saúde rebateu as críticas que acusaram a entidade de reagir exageradamente à crise da gripe suína, alertando que a doença pode retornar "com espírito de vingança" nos próximos meses.

Em sua primeira longa entrevista à imprensa desde o alerta mundial de uma possível epidemia da gripe há nove dias, Margaret Chan, diretora-geral da organização, disse ao Financial Times que o fim da temporada da gripe no hemisfério norte significa que este primeiro surto pode ser mais suave, mas que uma segunda onda seria mais letal, como aconteceu em 1918.

As últimas informações do México sugerem que o impacto da gripe pode ser menor do que se acreditou no início. O ministro da Saúde mexicano José Angel Cordova disse que a epidemia do vírus da gripe havia passado do seu ápice e estava em declínio. "A evolução da epidemia agora está em uma fase decrescente", disse ele.

O governo mexicano, que já havia reduzido sua estimativa original de 176 mortes, disse que foram confirmadas apenas 19 das possíveis 100 mortes causadas pelo vírus H1N1.

Mas Chan alertou que o aparente declínio das taxas de mortalidade dentro e fora do México não significa que a pandemia esteja no fim.

"Esperamos que o vírus se enfraqueça, porque se isso não acontecer, podemos estar a caminho de um grande surto". Mas completou: "Não estou prevendo que a pandemia estoure, mas se eu perdê-la de vista e nós não nos prepararmos, eu terei falhado. Prefiro me precaver em demasia a não estar preparada."

Ela salientou que a possibilidade de o alerta pandêmico ultrapassar o "nível seis", o mais alto da OMS, não significa necessariamente que "todos os países e todos os indivíduos serão afetados" com mais mortes. Em vez disso, "é um sinal para que as autoridades de saúde pública tomem medidas apropriadas" como intensificar o acompanhamento da doença.

Chan admitiu estar frustrada com a lentidão na liberação de informações sobre a ameaça do vírus. Mas defendeu o México, afirmando que o país foi bastante cooperativo, embora esteja sobrecarregado com a necessidade de ampliar o tratamento e limitar a disseminação da infecção, assim como de analisar os casos.

E acrescentou: "A informação está começando a chegar".

"Esses países estão muito sobrecarregados. Os demais países podem esperar muitas informações agora. Mas as pessoas precisam dar tempo para que as informações epidemiológicas, laboratoriais e clínicas cheguem".

Ela reiterou que, na visão da OMS, baseada nas "provas e na ciência disponível", impor restrições de viagem é contraproducente. Apesar de os países terem direito a tomar diferentes medidas, de acordo com as normas de saúde internacionais, eles teriam que justificar isso publicamente.

Mas ela defendeu as decisões recentes de Hong Kong e da Nova Zelândia de manter em quarentena os viajantes que chegam com suspeita da gripe.

Chan pediu às companhias farmacêuticas que aumentem suas contribuições, elogiando seus esforços até agora, mas pedindo novas doações e quantidades maiores de medicamentos e vacinas a preços baixos para ajudar a tratar e proteger os mais pobres.

Ela liberou a maior parte do estoque da OMS do medicamente antiviral Tamiflu, do laboratório Roche, que já havia concordado em fornecer mais e oferecer preços mais baixos.

Ela sugeriu novas formas de encorajar as companhias de medicamentos genéricos a produzir versões baratas do Tamiflu para aumentar o estoque.

Equipe sob pressão

Centenas de pessoas se voluntariaram na sede da Organização Mundial de Saúde para ajudar na coordenação da resposta ao vírus da gripe, escreveu Andrew Jack. Mas o que acontecerá se elas próprias contraírem a doença?

A própria Margaret Chan, diretora-geral da OMS, ergueu as sobrancelhas ao tossir numa reunião recente com seus colegas, e teve que assegurá-los prontamente de que ela não estava infectada.

A equipe principal da OMS, que trabalha sob uma imensa pressão e sob luzes artificiais, é particularmente vulnerável. Ela tem trabalhado em turnos de no mínimo 12 horas durante os últimos oito dias. Michael Ryan, diretor de alerta global, que supervisiona a equipe, disse que, no sábado, mais de uma semana depois que a operação 24 horas começou, ele começou a dar um dia de folga rotativa para os funcionários descansarem.

Conforme os funcionários que visitaram países de alta incidência começam a voltar para Genebra, aqueles considerados em risco serão aconselhados a ficarem longe do escritório por dois dias, enquanto ainda podem transmitir a doença antes da manifestação dos sintomas.

Mas Ryan reconhece que durante uma pandemia é quase inevitável que um terço da força de trabalho da organização fique doente. O que fazer?
"Ter muita gente para substituir".

Tradução: Eloise De Vylder

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