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29/05/2008 - 02h00

Freakonomics.com: Comendo mais, comendo menos e comendo torta de humildade

Freakonomics
De Stephen J. Dubner e Steven D. Levitt
Para combater o aquecimento global devemos taxar todo exercício recreativo
Um recente artigo na publicação médica do Reino Unido "Lancet" afirmou que a obesidade está contribuindo para o aquecimento global porque as pessoas com excesso de peso consomem mais calorias.

Como a produção de comida libera carbono, isso significa que uma pessoa que come demais é, em média, pior para o aquecimento global do que uma pessoa que não o faz. Para pôr esses argumentos em perspectiva, eu fiz alguns cálculos simples para os EUA.

Digamos que a produção de comida seja responsável por 20% das emissões de gases do efeito estufa -embora eu suspeite que o índice seja alto demais. Segundo o Departamento de Energia dos EUA, as emissões de gases do efeito estufa do país em 2006 foram equivalentes a aproximadamente 7 bilhões de toneladas métricas de dióxido de carbono. Se a produção de alimentos representasse 20% dessas emissões, resultariam na emissão de 1,4 bilhão de toneladas de CO2.

Segundo a Wikipedia, o custo social -ou o custo para os indivíduos e a sociedade- de uma tonelada de CO2 é US$ 12. Então os gases do efeito estufa liberados para fazer os alimentos que os americanos comeram em 2006 tiveram um custo social de US$ 16,8 bilhões.

Existem cerca de 300 milhões de americanos que consomem cerca de 1.500 calorias por dia. Se meus cálculos estiverem corretos, o imposto de aquecimento global adequado seria de cerca de US$ 1 para cada 10 mil calorias consumidas.

Segundo o artigo da "Lancet", os indivíduos obesos consomem cerca de 400 calorias a mais por dia. Por isso o imposto apropriado para os obesos sobre seu impacto extra para o aquecimento global seria um pouco mais de US$ 1 por mês. Em outras palavras, o efeito é pequeno demais até para se discutir.

Mas como estamos tendo uma conversa sobre a quem culpar pelo aquecimento global, certamente também deveríamos apontar o dedo para aqueles que se dedicam a exercícios recreativos como correr ou pedalar por prazer. Afinal, alguém que corre regularmente durante uma hora queima mil calorias a mais por dia -muito mais que uma pessoa obesa. Essa queima de calorias excedente deve ser desencorajada se quisermos salvar o planeta.

Por meio deste, peço que o próximo presidente dos EUA aprove leis aplicando um imposto de carbono de US$ 0,10 por hora sobre toda a queima de calorias recreacional. Para salvar o planeta devemos incentivar as pessoas a ficar em casa e queimar o mínimo de calorias possível.

Steven D. Levitt


Uma maneira não tão barata de emagrecer
Alguns anos atrás, escrevemos sobre a pesquisa muito interessante feita por Seth Roberts, um professor de psicologia na Universidade da Califórnia em Berkeley, cuja experimentação pessoal inclui um programa de emagrecimento que era incrivelmente simples, barato e aparentemente eficaz.

Mais tarde, Roberts transformou seu método em um livro chamado "A Dieta de Xangrilá". A dieta é na verdade um simples plano de supressão do apetite através do qual a pessoa ingere regularmente uma pequena quantidade de água com açúcar ou azeite de oliva algumas vezes por dia, o que bloqueia a fome ao enganar o ponto de saciedade do corpo, quando a sensação de fome tende a se estabilizar.

Não sei se as pessoas que desenvolveram o supressor de apetite chamado SLIM Shots leram sobre o trabalho de Roberts, mas sua premissa certamente parece semelhante: o SLIM Shots é 100% natural -seguro e adequado para todos. O supressor contém uma fórmula patenteada de óleo de palma purificado, óleo de aveia e água -todos ocorrentes na natureza mas misturados em um complexo que ajuda a perder peso ou manter naturalmente o peso.

Roberts me disse que ele foi procurado por um fabricante de suplementos da Califórnia que estava interessado em transformar sua idéia de dieta em produto, mas a coisa não avançou. Pena. Com os SLIM Shots custando aproximadamente US$ 30 ou US$ 40 por um suprimento mensal de pequenas xícaras de óleo e água, parece haver muito futuro em produtos dietéticos baratos.

Stephen J. Dubner


Uma acadêmica faz a coisa certa
Alguns anos atrás Dubner e eu escrevemos um artigo na revista "Slate" anunciando uma notável jovem economista chamada Emily Oster. Ela continuou fazendo um ótimo trabalho e recentemente também fez algo incrivelmente incomum para uma economista acadêmica: admitiu que estava errada.

Em países como Índia e China há muitas "mulheres desaparecidas". Em outras palavras, as porcentagens de gêneros nesses lugares são distorcidas. Essa disparidade é especialmente acentuada depois da crescente disponibilidade de máquinas de ultra-som para ajudar nos abortos seletivos, mas já existia muito antes de a tecnologia estar disponível.

Oster escreveu um trabalho afirmando que os altos índices de hepatite B na China explicavam em grande parte as mulheres que faltavam no quebra-cabeça. Dados médicos sugeriam que as mulheres com hepatite B davam à luz mais meninos: muitas mulheres na China são infectadas com a doença, levando ao nascimento de meninos demais. Parecia uma teoria louca quando a escutei pela primeira vez, mas Oster reuniu evidências extremamente interessantes de diversas fontes para sustentar seu argumento. Eventualmente ele foi publicado no "Journal of Political Economy", do qual fui editor.

Então veio uma série de outros acadêmicos, incluindo meu amigo e ex-aluno Ming-jen Lin, que reuniram dados de novas fontes que não sustentavam as conclusões de Oster. Geralmente esses debates tornam-se muito acirrados e extensos até que ninguém mais se importa, e certamente ninguém admite que estava errado.

Para crédito de Oster, porém, ela acertou na maneira de dirigir um novo estudo que poderia fornecer uma resposta definitiva -ou tão definitiva quanto se pode chegar com esse tipo de pesquisa sociológica. Ela coletou novos dados na China e depois de os analisar descobriu que não sustentavam suas conclusões. Ela escreveu então um trabalho dizendo exatamente isso.

Tenho grande admiração pelo fato de Oster fazer isso. Conheço muita gente que não teria feito a mesma coisa. Elas não teriam feito um estudo que pudesse mostrar que seu principal resultado estava errado, e se encontrassem um resultado negativo tentariam escondê-lo.

Steven D. Levitt

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