O destaque da semana na newsletter A Companhia é o Assaí Atacadista (ASAI3), escolhido por Matheus Jaconeli e Bruna Sene, analistas da Nova Futura Investimentos.

Neste início de ano, a empresa registrou um recorde de vendas para um primeiro trimestre, totalizando R$ 11,4 bilhões no intervalo, com alta de 21% frente a igual período de 2021.

Conforme o balanço trimestral, o grupo vem fortalecendo sua presença no Norte e Nordeste do país e já inaugurou cinco lojas nessas regiões -consideradas de alto potencial de crescimento.

Nos últimos 12 meses, 32 unidades foram abertas, o que correspondente a um avanço de aproximadamente 22% da área de vendas.

Após a separação do Grupo Pão de Açúcar, as ações do Assaí estrearam na B3 no dia 1º de março de 2021 e, no acumulado daquele ano, registraram queda de aproximadamente 9%. Em 2022, até 18 de maio, os papéis apresentam valorização de quase 20%.

Saiba mais sobre o Assaí

O Assaí atua no segmento atacado de autosserviço e detém uma elevada participação de mercado, em torno de 29% -com avanço de oito pontos percentuais nos últimos seis anos.

Em 2017, tornou-se a maior marca do grupo francês Casino em termos mundiais, considerando a receita bruta.

Um dado interessante é o de que a empresa possui forte participação entre a população de classe média. As faixas de consumo A e B respondem atualmente por 25% dos clientes do atacadista. A liderança fica com a classe C, com 61% do total.

Atualmente, o Assaí possui 217 lojas em operação, somando uma área total de vendas de 991 mil metros quadrados.

Segundo Jaconeli, mesmo com a pressão nas margens de lucro por causa do aumento da inflação e dos custos, o Assaí ainda possui perspectivas positivas, dado o crescimento da fatia de mercado da companhia com a aquisição dos hipermercados que possuíam a marca Extra e passarão a gerar receita adicional.

Outro fator importante, diz o analista, está relacionado ao setor de atuação da companhia: alimentos são essenciais e têm de ser consumidos mesmo em crises. "Por mais que a inflação impacte o orçamento das famílias, elas continuarão comprando itens de supermercado, chamados de bens necessários. Assim, há perspectiva de avanço da receita."

Pontos a favor

• Crescimento visto nos últimos anos e potencial de expansão com a incorporação dos hipermercados que pertenciam ao Extra, o que vem em paralelo com o incremento no número de lojas pelo país;
• Como atua no segmento de bens necessários, espera-se um fluxo de receitas para a companhia. Além disso, o ramo de atacarejo (que reúne atacado e varejo) tende a ser mais barato quando comparado às outras categorias de mercado.

Pontos contra

• Dívida ainda relativamente alta, o que pode gerar custo com aumento dos juros;
• Queda de quase 11% no lucro líquido do primeiro trimestre de 2022, no comparativo anual, para R$ 214 milhões. Tal resultado, no entanto, tende a ser momentâneo, uma vez que as receitas dos estabelecimentos que estavam como Extra Hipermercados ainda não foram contabilizadas, pois muitas unidades estão em fase de transição. Quando voltarem a operar, os lucros tendem a subir.

Segundo os analistas da Nova Futura, a comparação com outras empresas do setor, incluindo varejo e atacado, mostra que as ações do Assaí (ASAI3) estão baratas. A avaliação é feita com base nos seguintes indicadores:

Preço/lucro: os papéis da companhia apresentam atualmente um P/L de 13,06 vezes, o segundo menor resultado entre seus pares de mercado. O índice mostra a relação entre o preço do papel em Bolsa e o lucro da companhia. Quanto maior, mais cara está a ação.

EV/Ebitda: está em 6,53 vezes, também o segundo melhor indicador entre os concorrentes do segmento, evidenciando o desconto das ações. O índice aponta o valor da empresa em relação à geração de caixa.

Preço/valor patrimonial: os papéis da empresa têm sido negociados a 7,6 vezes seu valor patrimonial. Apesar de ser o patamar mais elevado entre os seus três concorrentes mais próximos, o mercado se mostra bem positivo em relação ao avanço das ações, dizem os especialistas.

O P/VPA é obtido a partir da divisão do preço do papel pelo seu valor patrimonial e indica o quanto o investidor está disposto a pagar pelo patrimônio líquido da companhia.

A corretora recomenda os papéis do Assaí para investidores que queiram diversificar os recursos em uma empresa "cíclica" (cujo desempenho é fortemente influenciado por variáveis econômicas), mas com certa prudência.

"Mesmo que a companhia apresente riscos advindos da inflação e da alta dos juros, o fato de integrar um setor que possui certa estabilidade de receita é um ponto favorável", diz Jaconeli. "Vale lembrar que seus produtos são considerados bens necessários no dia a dia das pessoas."

Quais são as perspectivas no médio e longo prazo?

O especialista da Nova Futura diz que as perspectivas para a empresa são positivas também em um horizonte mais longo.

Ele destaca que, entre 2012 e 2022, o Assaí apresentou uma forte expansão. Nesse intervalo, a presença geográfica do grupo saltou de 6 para 23 estados, e Jaconeli acredita que o número deve continuar a crescer.

O analista também afirma que a companhia diversifica canais de venda, com aplicativos e WhatsApp, o que ajuda nos resultados.

De acordo com Bruna Sene, analista da Nova Futura, as ações do Assaí (ASAI3) estão em tendência de alta no curto prazo, movimento que se iniciou em janeiro de 2022 e, após algumas correções, perdura até o momento.

Ela ressalta que os papéis acabaram de superar um nível de preço importante, de R$ 15,50. Nessa perspectiva, a tendência de valorização deve continuar, e as ações podem avançar para o patamar entre R$ 16,60 e R$ 17,95, diz a especialista.

No caso de uma reviravolta, Bruna avalia que as cotações podem, inicialmente, recuar para o intervalo entre R$ 14,40 e R$ 13,50.