Foi no salto em altura, categoria do atletismo, que Aída dos Santos deu um salto rumo à história nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964: ela foi a única mulher a representar o Brasil e conquistou o quarto lugar na categoria em que competiu. O feito histórico foi alcançado mesmo diante de diversas dificuldades. Aída foi para o torneio sem treinador e sem ter um uniforme oficial — o traje usado na ocasião foi emprestado pelo Botafogo. "O atletismo ainda é o primo pobre do esporte nacional, imagine então como foi naqueles tempos. Eu, uma mulher, pobre e negra." Aída dos Santos No esporte desde a infância, Aída também recorda momentos em que precisou lutar contra o machismo e o racismo. Um deles, durante uma competição de vôlei no colégio: "Era a única negra em quadra e gritaram da arquibancada: 'Sai daí, crioula. Seu lugar é na cozinha'. Quando terminou o jogo, pedi o microfone e falei: 'Meu lugar é na cozinha sim, na varanda, no quarto, na sala, mas também na quadra de esporte'." Como gesto de reparação e reconhecimento por sua trajetória, no ano passado, Aída recebeu da rede de produtos esportivos Centauro um uniforme que deveria ter usado em 1964. A ação rendeu uma campanha publicitária intitulada 'O Uniforme que Nunca Existiu' (veja o vídeo), da agência Tracylockeque. Agora, aos 58 anos, Aída tem sua história contada no festival Cannes Lions, o mais importante de criatividade do mundo, onde a peça publicitária disputa um troféu na categoria que ressalta trabalhos que promovem a igualdade de gênero. *** DADOS RACIAIS... Um grupo de pesquisadores criou, recentemente, o Observatório da Branquitude, que pretende investigar o "privilégio branco" no Brasil. O objetivo é discutir raça a partir da ideologia que determina a identidade atribuída a pessoas brancas e às estruturas de poder que destinam privilégios a elas em detrimento da população não-branca. *** INJÚRIA RACIAL... O motoboy Juan Willian Penteado Carvalho, 24, registrou um boletim de ocorrência por injúria racial contra o cliente de um restaurante em Artur Nogueira (SP). O acusado enviou um áudio para o WhatsApp do estabelecimento com uma série de ofensas de cunho racista. Na gravação o cliente se declara racista e faz comparações de atributos físicos do entregador com os de um chimpanzé. |