Fox diz que vai ao Cade contra operadoras "só em último caso"

Ricardo Feltrin

Ricardo Feltrin

Conforme este programa antecipou no mês passado, o canal Fox Sports teve uma estreia "fantasma" no último domingo. Nem 10% dos assinantes de TV paga do país puderam ver o início das transmissões da nova emissora, que tem o maior acervo esportivo do mundo e a exclusividade de exibição da Libertadores na TV fechada.

O motivo da estreia "fantasmagórica" foi que as maiores operadoras do país, Net e Sky, simplesmente fizeram o máximo (ou o mínimo) para que seus assinantes ficassem sem a novidade. Isso porque, tudo indica, estão do lado da Globosat --a grande perdedora com a estreia da Fox Sports no Brasil. E "perdedora" por dois motivos:

1) seus canais SporTV perderam a Libertadores e a Sul-Americana para sempre; 2) é a primeira vez que um grupo midiático chega ao país com cacife suficiente para ameaçar --ao menos no médio e longo prazos-- o histórico monopólio da Globo e da Globosat no país.

Ouvidos pelo programa Ooops!, executivos da Fox dizem que, por enquanto, descartam ir ao Cade para tentar obrigar as operadoras a distribuir seu novo canal. "Só iremos ao Cade em último caso", dizem. Eles acreditam que as maiores operadoras acabarão cedendo e incluindo o Fox Sports em seu cardápio. "Mas, se não for possível, aí vamos tomar as medidas necessárias", afirma um dos executivos, que pede anonimato. Foi o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) que determinou o fim do monopólio da Globo na negociação dos direitos do futebol brasileiro, dando direito a todas as emissoras de concorrer em um leilão.

No fim das contas, a decisão do Cade acabou se tornando inócua porque a Globo manobrou nos bastidores, implodiu o Clube dos 13 e acabou negociando os direitos diretamente com cada clube. Por outro lado, essa operação fez a Globo gastar muito mais do que gastava com os direitos em anos anteriores, quando negociava diretamente com o C13.
 
Ontem, atendentes da Net já informavam aos assinantes que o Fox Sports estará disponível "em breve". Na Sky, porém, ninguém soube informar a respeito do FS. A empresa não fala sobre o assunto. A Via Embratel (que deve mudar de nome em breve, para ClaroTV) decidiu colocar o canal em fase de testes em todos os pacotes, assim como a Oi. O mesmo deve ocorrer com a Telefônica/TVA.   
 
De qualquer forma, as operadoras já conseguiram esvaziar e "jogar água" na estreia do maior investimento da TV paga na última década. O Fox Sports prevê investimentos em torno de US$ 200 milhões nos próximos dois anos. É o maior investimento do grupo do magnata australiano Rupert Murdoch na área de mídia em 2012, no mundo.
 
Trata-se da maior e mais cara "guerra" corporativa desde o advento da TV por assinatura e, cabe lembrar, nenhum dos lados é bondoso e inocente. Corporações não costumam ter consciência moral.

Quem é Legal
 
Figurino de "Rei Davi", da Record
 
Se há uma coisa em que a Record está melhorando nos últimos anos é o figurino em suas produções. Ainda não se compara à Globo, mas a emissora já tem uma ótima caracterização de personagens, com trabalho e pesquisa históricos. As falas (texto) da minissérie, no entanto, são instáveis. Ora bacanas, ora modorrentas.
 
Quem Irrita
 
"Muito+", da Band
 
Programa raso, oco, sem conteúdo e sem graça. Galisteu só faz comentários inúteis e insípidos, as "reportagens" estão no mesmo nível do "TV Fama": ou babação de ovo ou estupidez pura e simples. Aparentemente, a apresentadora  não aprendeu nada após anos lidando com a dita imprensa de celebridades.

Ricardo Feltrin

Ricardo Feltrin é colunista do UOL desde 2004. Trabalhou por 21 anos no Grupo Folha, como repórter, editor e secretário de Redação, entre outros cargos.

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