RedeTV! aposta que João Kleber pode "salvar a lavoura"

Ricardo Feltrin

Ricardo Feltrin

Oito anos após ser defenestrado da RedeTV! por pressão do Ministério Público e de entidades sociais, que o acusavam de ser "o rei da baixaria", o apresentador e comediante João Kleber deve reestrear na emissora no próximo mês, em programa matinal.

Embora a RedeTV!, somente nos últimos seis meses, tenha sofrido duas derrotas judiciais ainda decorrentes do período em que o humorista trabalhou na casa, no valor total (e ainda recorrível) de R$ 200 mil, a aposta da direção da TV é que o humorista poderá ser uma grande fonte de faturamento e ajudar a tirar a empresa da crise econômica em que está envolvida há pelo menos dois anos.

A esperança é que Kleber atraia muitos "merchandisings" e anunciantes. Tal esperança não parece ser muito calcada na realidade. Segundo Ooops! apurou, o departamento da RedeTV! já está nas ruas com propostas de patrocínio, mas ainda não obteve nenhum anunciante de peso para o programa, ainda em formatação.

Além da expectativa tênue que o artista lhe traga lucros, a emissora terá de ficar atenta para o conteúdo do novo programa de seu recontratado. Isso devido ao histórico de problemas judiciais que Kleber já causou.

Em agosto do ano passado, por exemplo, a RedeTV! foi condenada a indenizar um motorista em R$ 150 mil que disse ter sido humilhado no programa "Canal Aberto", em 2003, comandado por Kleber. O motorista teve de responder a "denúncias" de sua mulher de que ele usaria calcinhas na hora das relações sexuais. A emissora recorreu.

No mês passado, outro juiz condenou a RedeTV! a pagar outros R$ 50 mil a outro homem que foi acusado de estupro, em 2002, também no "Canal Aberto". Novo recurso.

A RedeTV! vive uma crise visível desde 2011, quando a falta (ou descontrole) de caixa fez com que começasse a atrasar pagamentos de salários de funcionários terceirizados e fornecedores. No ano passado, o atraso chegou a atingir inclusive gente contratada. Os problemas se agravaram em janeiro de 2012, quando o humorístico "Pânico" decidiu mudar para a Band.

O programa era o maior faturamento da casa, embora boa parte dele ficasse nas mãos de Tutinha (dono da Jovem Pan e do "Pânico") e das estrelas do programa.

Carlos Alberto de Nóbrega pediu R$ 1 milhão para a Record

Não se sabe por quanto o apresentador e humorista Carlos Alberto de Nóbrega, de "A Praça é Nossa", renovou com o SBT. Mas, agora se sabe porque ele não assinou com a Record: o elevado do valor do salário que pediu à emissora do bispo Edir Macedo.

Segundo Ooops! apurou, Nóbrega pediu R$ 1 milhão por mês para assinar com a Record, o que assustou a emissora, que já anda meio que "estimulada" a tentar reduzir salários altíssimos de alguns de seus contratados.

Outro motivo para a não assinatura de contrato, dessa vez um motivo que desagradou Nóbrega, foi que a Record não queria contratar praticamente nenhum de seus atuais parceiros comediantes. Se assinasse, poderia deixar muita gente desempregada. "A Praça é Nossa" é o programa que mais emprega artistas hoje no SBT.

Como não havia sido chamado pelo SBT para renovar seu contrato, cerca de três meses antes do vencimento, como é praxe, Nóbrega acabou sendo procurado pela Record. O humorista conversou por pelo menos 15 dias com a emissora e chegou a receber em sua residência um diretor e uma financista da concorrente do SBT, para discutir possíveis valores.

No entanto, acabou renovando mesmo com a emissora de Silvio Santos, por um salário até agora desconhecido.

QUEM É LEGAL

José Paulo de Andrade, da Band

Não são muitos jornalistas que chegam aos 50 anos de serviços prestados, e muito menos aqueles que chegam a isso com tanta coerência profissional. José Paulo de Andrade é uma dessas raridades e merece todo o respeito não só da sua categoria, mas principalmente do ouvinte, a quem tem se dedicado por tanto tempo, e a todos que inspirou e continua a inspirar. Todas as homenagens a ele (e a seu companheiro Salomão Ésper, outra lenda do rádio).

Marília Gabriela, no SBT

Embora muita gente tenha criticado Gabi nas redes sociais, pelo fato de dar voz ao pastor Silas Malafaia e seu discurso anti-homossexual, a jornalista merece, isso sim, elogios pelo comportamento sempre democrático e crítico que adotou diante de seu convidado verborrágico. O programa "De Frente com Gabi" tem uma qualidade e regularidade incrível e rara na TV aberta.

QUEM IRRITA

NatGeo e sua obsessão pelo crime

Em plena segunda-feira, que por si já é um dia, digamos, complicado para todo trabalhador, o canal NatGeo exibiu nada menos que nove programas sobre drogas ou criminosos. É inexplicável essa fase de morbidez do canal, que concentra num só dia tantos programas sobre assuntos tão deprimentes como drogas, traficantes e a vida dos presidiários. Com isso o NatGeo perde cada vez mais sua identidade --ao menos no Brasil-- de ser um canal cultural e geográfico, como o próprio nome diz, e se tornar um canal de psicologia e seus desvios.

Ricardo Feltrin

Ricardo Feltrin é colunista do UOL desde 2004. Trabalhou por 21 anos no Grupo Folha, como repórter, editor e secretário de Redação, entre outros cargos.

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