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Faixas exclusivas de ônibus são aprovadas até por quem usa carro

Especial para o UOL

25/04/2014 06h00

Quem não gostaria de chegar em casa ou no trabalho 38 minutos mais cedo todos os dias? E quem não gostaria de utilizar ônibus que estão 48% mais rápidos - saíram de tímidos 13,8 km/h de velocidade média para 20,4 km/h?

Esses são alguns dos benefícios que as faixas exclusivas destinadas aos coletivos estão trazendo. Localizadas à direita do viário, há pouco mais de um ano vêm sendo implementadas e, aliadas ao ganho de tempo, estão contribuindo para mudar a cultura do uso do espaço público.

Vamos a mais uma conta: é razoável priorizar ações para o transporte individual, que atende 1,4 ocupante por veículo, enquanto um ônibus pode servir até 200 pessoas?

Na cidade de São Paulo, vivemos em um universo de 15 mil quilômetros de vias asfaltadas, com uma frota de 7,4 milhões de veículos. Assim que chegamos à prefeitura, em janeiro do ano passado, constatamos que havia uma intensa disputa nas grandes ruas e avenidas entre os ônibus, hoje com 1345 unidades, os carros e os caminhões.

Era uma quase barbárie. Os veículos menores, que têm a opção de outros trajetos, praticamente impediam a circulação dos coletivos.

A questão da mobilidade já estava presente no programa de governo apresentado à população durante a eleição, em 2012. Entre as várias questões, prevíamos a necessidade de construir 150 quilômetros de corredores de ônibus, à esquerda das vias, e igual extensão de faixas.

Por determinação do prefeito Fernando Haddad, partimos de imediato para o levantamento dos locais onde poderíamos atender a maioria da população, aquela que usa o transporte público.

Foram feitos estudos e simulações para essas escolhas.  Num primeiro momento, até aconteceram manifestações contrárias à iniciativa das vias com espaço reservado à direita, da mesma forma que, dez anos antes, se criticava a implementação dos corredores.

Como em todo processo novo, notamos a necessidade de fazer alterações posteriores em alguns pontos das faixas que chegaram a prejudicar o trânsito. Agimos nesse sentido. Também realizamos encontros com moradores para melhorar o que havia sido executado, criando uma postura de diálogo permanente.

Em pouco tempo, os aspectos positivos foram se fortalecendo. Ainda no ano passado, uma pesquisa do Datafolha apontou que 88% dos usuários de ônibus aprovaram as faixas. Tão destacado quanto esse dado é a aceitação de 77% dos motoristas de carros particulares.

Está mais do que lançada a determinação da atual gestão em abrir um novo debate e estabelecer, concretamente, o paradigma da cultura do coletivo. Atualmente, temos 325 quilômetros de faixas exclusivas na cidade.

Não se pode mais pensar que abrindo novas e imensas avenidas estará sanada a questão do tráfego intenso nas grandes cidades. Um exemplo dessa mentalidade enviesada foi o aumento de faixas de rolamento na Marginal Tietê, executada há quatro anos. Em pouco tempo, os novos espaços estavam tão congestionados quanto antes.

Outras medidas

É fato que as faixas são uma parte da solução para melhorar a mobilidade de São Paulo. Daí que estão em andamento licitações para a construção dos corredores - 150 quilômetros distribuídos nas regiões mais distantes do centro.

Da mesma forma, há iniciativas para a utilização de ferramentas tecnológicas que, por exemplo, controlem o fluxo dos ônibus quanto a partidas e frequências. Isso aumentará o controle da operação do sistema e abrirá novas opções aos que hoje utilizam o veículo particular.

Todo esse complexo de ações irá colaborar, ainda, com um outro aspecto: a melhoria gradativa das condições ambientais diante da perspectiva de diminuição de veículos particulares nas ruas.

Também está sendo executado o maior trabalho dos últimos anos de revitalização de semáforos na cidade. Estão em reforma completa 4800 dos 5690 cruzamentos que possuem esse tipo de sinalização. Os principais pontos serão controlados de maneira remota, o que facilitará tanto o trânsito quanto a manutenção dos equipamentos.

Essas são algumas das várias medidas que estão sendo tomadas. Nós ficamos muito gratos a todos, indistintamente, que vêm apresentando alternativas ao que estamos realizando. É, para nós, o reconhecimento de que um trabalho importante está em andamento.

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