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Diversidade sexual no país tem convivido com a intolerância

Especial para o UOL

04/05/2014 06h00

Hoje, a avenida Paulista receberá a 18ª edição da Parada do Orgulho LGBT – a maior do gênero do mundo. Trios elétricos animarão a festa, em um ambiente colorido e alegre, celebrando a diversidade e a liberdade na cidade.

Para além do clima festivo, a Parada do Orgulho LGBT cumpre igualmente outra importante tarefa: a de promover o respeito e combater a homofobia, um problema gravíssimo ainda presente em nossa sociedade.

São Paulo tem ampla mobilização de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais; é uma cidade de grandes dimensões e com população superior a de muitas nações. A cidade reúne em si uma diversidade profunda, o que a construiu e a mantém como essa importante capital.

Entretanto, essa diversidade tem convivido com a intolerância. No Brasil, segundo a organização Transgender Europe, foram assassinadas 486 travestis e transexuais entre janeiro de 2008 e abril de 2013.

Com esses números, nos tornamos o país onde mais ocorrem assassinatos dessa população. De acordo com o relatório divulgado em 2013 pelo governo federal, houve aumento de cerca de 100% nos casos denunciados em relação ao levantamento realizado em 2011.

A Prefeitura de São Paulo, por meio do Centro de Combate à Homofobia (CCH), acompanha e presta atendimento às vítimas de discriminação e violência homofóbica. Apenas nos últimos dois meses, mais de 50 atendimentos foram prestados, parte considerável motivada por agressão e violência familiar. A prefeitura oferece suporte jurídico, psicológico e de serviço social às vítimas dessa violência inaceitável.

Neste cenário de intolerância, a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo tem entre suas metas promover campanhas permanentes de combate à homofobia. Também está em elaboração o Programa Transcidadania, que reúne ações transversais para garantir direitos e reduzir a vulnerabilidade da população transexual e travesti.

No lançamento da campanha contra a homofobia, realizada pela ONU nesta semana em parceria com a prefeitura, o prefeito Fernando Haddad falou sobre a falsa polarização entre liberdade religiosa e liberdade de orientação sexual que aparece neste tema. Ambos são direitos fundamentais igualmente protegidos e não são excludentes.

Cada um tem o direito de exercer livremente sua religião, assim como tem o direito de exercer livremente sua sexualidade. Mais do que não contribuir para um ambiente de tolerância e respeito, as manifestações de enfrentamento estimulam um clima de ódio, reforçando o preconceito e, até mesmo, a homofobia.

O apoio à parada faz parte dos esforços da prefeitura para a promoção de uma cultura de direitos da população LGBT. O evento reúne pessoas de todo o Brasil e de outros países na cidade, em torno de uma das causas mais importantes da atualidade: a igualdade na diversidade.

Garantir o sucesso da parada é um compromisso com a promoção dos direitos humanos. Acima de qualquer investimento, nada superará o valor da vida humana e o fim da homofobia. A São Paulo que queremos tem amor de todas as formas, é livre da homofobia e garante os direitos humanos de todas e todos.

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