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América Latina e Caribe caminham para erradicar a fome na região

Especial para o UOL

07/05/2014 06h00

A boa notícia é que a região que compreende a América Latina e o Caribe é a que mais avançou na superação da subalimentação nos últimos 20 anos. Em média, a cada ano, um milhão de pessoas deixaram de sofrer de fome nessa região.

Em nenhum outro período da história a região contou com todas as condições para erradicar a fome. Atualmente, os países dispõem de alimentos, conhecimentos técnicos e recursos financeiros necessários e, o mais importante, vontade política dos governos e das sociedades trabalhando em conjunto para acabar com esse grave problema.

Desde ontem, até amanhã, estão reunidos em Santiago do Chile os representantes dos governos da América Latina e Caribe com o objetivo de fortalecer os esforços conjuntos na luta contra a fome e a má nutrição.

Essa importante reunião, que será no âmbito da 33ª Conferência Regional da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), acontecerá em um momento crucial para a segurança alimentar global  e, em particular, para a região.

Na escala global, a subalimentação afeta a mais de 840 milhões de pessoas, ou seja, uma a cada oito pessoas. Apesar dos avanços significativos na América Latina e no Caribe, 47 milhões de pessoas ainda passam fome.

É por isso que esse encontro assume uma importância singular, considerando a proximidade da data estabelecida – 2015 – para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.

Avanços

Cabe lembrar que o objetivo número 1 tem como meta que os países reduzam pela metade a porcentagem de pessoas subalimentadas. Esse objetivo já foi alcançado por 16 dos 33 países da América Latina e do Caribe. Sabe-se que outra dezena de países ainda está em tempo de alcançar a meta, basta implementar as ações requeridas.

Fruto desse compromisso político na América Latina e no Caribe estão sendo implementadas, com o apoio da FAO, ações efetivas a nível regional e nacional com foco em conseguir a segurança alimentar e nutricional.

No âmbito da ação multilateral, também é possível ver avanços significativos. Os presidentes da Celac (Comunidade de Estados Latino-americanos), por exemplo, aprovaram um Plano de Ação para a Erradicação da Fome e da Pobreza.

Os países pertencentes à Petrocaribe (aliança de alguns países caribenhos com a Venezuela) e à Alba (Aliança Bolivariana para as Américas) começaram a implementar o próprio plano para a erradicação da fome em 20 nações, com um fundo de US$ 60 milhões para a execução de projetos de segurança alimentar e nutricional.

Ao mesmo tempo, instâncias multilaterais como Unasul, Mercosul, Caricom (comunidade do Caribe), CAN (comunidade andina) e Sica (comunidade da América Central) também demonstraram seu compromisso mediante diversas iniciativas.

Antes disso, todos os chefes de Estado e de governo da região impulsionaram a Iniciativa América Latina e Caribe sem Fome, no qual se comprometeram a erradicar a subalimentação antes do ano 2025.

No plano nacional, cabe ressaltar que a maioria dos países dispõem de políticas públicas, orçamentos destinados, programas de ação e marcos regulatórios que buscam garantir o direito humano à alimentação. 

No Brasil, as políticas públicas e os programas adotados nos últimos anos fizeram com que o país se tornasse referência internacional no combate à fome e na garantia da segurança alimentar. Os dados mostram que entre 1992 e 2013 o número de brasileiros que passam fome caiu de 22,8 milhões para 13,6 milhões, uma diminuição de 40%.

Em relação aos subnutridos houve uma redução de 54,3% nos últimos 20 anos, ou seja, de 15% para 6,9% da população. Do jeito que o país caminha em pouco tempo, o Brasil será um dos produtores de alimentos mais importante do mundo.

É nesse contexto de conquistas e compromisso que os representantes dos países da América Latina e do Caribe vão se reunir na 33ª Conferência Regional da FAO. Existem razões de sobra para sermos otimistas diante do caminho percorrido, mas devemos estar atentos na necessidade de intensificar os esforços com o objetivo de dar uma resposta rápida aos 47 milhões de latino-americanos e caribenhos que ainda sofrem com a subalimentação.

De nós depende que os meninos e meninas que nasçam a partir de agora não conheçam a fome e que vivam em uma região onde se respeita o direito de todos à alimentação de forma digna.

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