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Números mostram que Copa do Mundo já é realidade

Especial para o UOL

12/05/2014 11h36

Pediram-me para escrever um artigo. Algo incisivo, para marcar um mês para a Copa do Mundo no Brasil. Não consigo escrever no escritório: o telefone toca, alguém da minha equipe bate à porta, começo uma reunião, termino uma entrevista, o ponteiro do relógio não para. Um mês para a Copa.

Chego tarde à minha casa, sento no sofá. Penso que eu deveria falar de números aos internautas do UOL para mostrar que a Copa é, sim, um grande investimento para o nosso país. Sei de cor todos eles, repetidos exaustivamente em reuniões e palestras mundo afora. R$ 10 bilhões acrescidos ao PIB pela Copa das Confederações e expectativa de R$ 30 bilhões em 2014. R$ 17,6 bilhões em infraestrutura catalisados pela Copa. 600 mil turistas.

Meu raciocínio é interrompido por um grito e mais um número. Bem mais singelo, mas não menos importante para mim. “Agora só faltam seis, pai!”. A Copa está chegando mesmo. Se não bastasse o dia a dia no trabalho, meu filho reforça ainda mais essa sensação em casa.

Ele é um dos oito milhões de brasileiros que abrem um pacotinho de figurinhas, cheios de expectativas, decorando os nomes dos craques que começam a desembarcar em nosso país em quinze dias. Se na Copa da África do Sul os brasileiros compraram 220 milhões de figurinhas, a expectativa dos fabricantes é de alcançar mais de 300 milhões em 2014. Uma febre, como o futebol. 

Isso não tem preço, mas brinquei com o meu filho que cada pacotinho nos custou R$ 1. Voltei minha mente ao trabalho e lembrei então da pesquisa que mostra que a cada R$ 1 aplicado pelo setor público na Copa, R$ 3,40 são investidos pela iniciativa privada. Sim, me pediram para escrever um artigo. Um mês para a Copa.

“Mas, pai, falta a figurinha da Arena das Dunas”. 1000% vêm à cabeça: é o aumento nas reservas de passagens aéreas internacionais para Natal na Copa em relação ao mesmo período do ano passado. Rio (38%) e São Paulo (29%) são as sedes que mais devem receber turistas.

Surpreso com a coincidência, meu olhar distante capta na TV cenas na avenida Paulista. Um grupo protestou contra os "gastos" para a Copa. Procuro o controle para aumentar o volume enquanto meu pensamento se volta para outros números: mais de 11 milhões de pedidos de ingressos; 152 mil inscritos no Programa de Voluntários. Esbarro no celular, que exibe uma mensagem: 9166 pessoas aqui no Tour da Taça em Aracaju.

Sim, o artigo. Em todo o Brasil, mais de 300 mil pessoas foram ver a taça desde 22 de abril. E não chegamos nem na metade das 27 capitais do país. Parece que foi ontem que vi o troféu sair do Maracanã para rodar o Brasil. Falando no palco da final da Copa, 180 Maracanãs lotados: esse é o número que vem à cabeça quando penso nos empregos gerados pelo Mundial.

Um mês para a Copa. Mergulhado cada vez mais no trabalho e dedicado ao projeto complexo que é o de entregar uma Copa do Mundo, acabo me prendendo demais aos números e esqueço de olhar em volta tudo aquilo que não se pode contabilizar.

Talvez absortos pelos desafios que o nosso país enfrenta nessa caminhada, muitos brasileiros também fecham os olhos a tudo aquilo que já conquistamos em tantas frentes antes mesmo da bola rolar.

A Copa chegou. Os olhos do mundo mais do que nunca sobre nós. Milhares de estrangeiros a caminho do Brasil, e milhares de brasileiros – a maioria dos detentores de ingressos – prontos para vibrar nos estádios e emocionar cantando o hino nacional à capela. Os 50 mil operários que ganharão ingressos para o show, no palco construído por eles.

Números, anos de trabalho nosso em parceria com a Fifa, o governo federal e as doze sedes. Um mês para começar. Dois meses para acabar. Vai chegando a hora de viver o esporte mais popular do planeta no país que o reinventou.

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