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Facilidades da internet e falta de informação tornam debates mais rasos

Internauta do UOL

25/05/2014 06h00

O deputado federal Osmar Terra, do PMDB-RS, publicou artigo na última semana no UOL, no qual expõe seus argumentos contra a liberação das drogas, afirmando que esse não deve ser o caminho para a diminuição da violência.

No artigo, o deputado expõe a sua experiência como médico e secretário da saúde de seu Estado no tratamento de dependentes químicos, evidenciando como seria fracassada a tentativa de liberação das drogas no combate à violência, trazendo algumas referências de estudos recentes. Mais que depressa uma enxurrada de comentários foram gerados, sendo em sua ampla maioria contra o posicionamento do deputado.

Um dos fatores em comum nos comentários foi a afirmação de que o deputado era ignorante ao não buscar orientação sobre dados favoráveis a liberação das drogas, outros menos educados apenas achincalhavam o artigo por ser publicado por um deputado e, necessariamente, ser digno de desprezo apenas por esse motivo.

O que impressiona, porém, é a dificuldade entre os leitores do artigo de argumentar com o mínimo de razoabilidade, pois estes recorrem a frases de efeito e não apresentam base lógica na argumentação.

Esse cenário é fruto do nível intelectual da maioria da população e de um problema profundo enfrentado pelo Brasil, uma vez que aqueles que realmente buscam o conhecimento e tentam tornar-se menos ignorantes são tratados com indiferença e desprezo, enquanto os que fazem o contrário são enaltecidos e incentivados a continuar ignorantes.

Neste ponto a internet tem uma importância considerável, pois, ao mesmo tempo que amplia os horizontes do conhecimento, amplia também a falta de conhecimento.

Num debate lógico, aqueles que não concordam com determinada afirmação devem trazer argumentos sustentáveis que favoreçam o contraditório. Porém, pela facilidade que a internet oferece, a maioria se contenta apenas com algumas poucas referências de fontes altamente sugestionáveis às mais diversas causas, causando assim uma falsa sensação de que todos estão com a verdade, sendo que o que realmente acontece é a falta de interesse no aprofundamento do debate.

Podemos elogiar o site UOL por trazer uma opinião contrária a esse assunto tão controverso que é a liberação das drogas, antes representado por outro deputado, Jean Wyllys, do PSOL-RJ, que expôs seus argumentos a favor. Esse deve ser o papel da imprensa em ter a imparcialidade para que exista o contraditório, ainda que acredite em determinadas causas.

Para o leitor comum, porém, é necessário um pouco mais de determinação, para que, com o debate colocado, busque por si o conhecimento e análise crítica, sem esbarrar nas facilidades e futilidades que a internet oferece. Basta analisar a evolução da humanidade para vermos que, quanto mais conhecimento, mas desenvolvida se torna uma nação. Esperemos que o Brasil aprenda essa lição.

  • O texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
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