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Jogadores da Copa e atletas de fim de semana devem se prevenir contra doenças cardíacas

Especial para o UOL

01/07/2014 06h01

O coração acompanha as emoções do futebol e merece cuidados. Realizar exames periódicos, treinar periodicamente, manter bom condicionamento físico, se alimentar e hidratar corretamente são recomendações que valem tanto para sedentários quanto para “atletas de fim de semana”, mas, em tempos de Copa do Mundo, são imprescindíveis para futebolistas profissionais.

Segundo dados do IDPC (Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia), em São Paulo, entre 1.300 atletas examinados, com idades entre 18 e 35 anos, ao menos 8,2% apresentam alterações cardiovasculares, desde benignas até de alta gravidade. Em sua maioria, essas alterações são assintomáticas, por isso a necessidade de consultas médicas preventivas.

De acordo com balanço divulgado pela Fifa, de 2007 a 2012, ocorreram 82 mortes de jogadores profissionais. Desde as mortes do camaronês Marc-Vivien Foé, em 2003, durante a Copa das Confederações, e do zagueiro Serginho, em 2004, a entidade decidiu recomendar equipes treinadas para atendimento de emergência dentro de campo, bem como determinou a submissão dos atletas a avaliações completas e especializadas do aparelho cardiovascular.

O treinamento regular também tem grande importância, pois força adaptações cardiovasculares e osteomusculares nos corpos dos atletas, preparando-os para atingir a melhor performance durante uma competição.

O estresse físico do futebol gera desgaste muscular intenso e risco de lesões, sendo fundamental respeitar o período de repouso e recuperação do músculo. Uma ferramenta utilizada para medir esse estresse é a dosagem de uma enzima muscular, a CPK (creatinofosfoquinase), cuja elevação é observada após atividade física; ela pode chegar a 100 vezes o valor normal e seu retorno a níveis basais demora de dois a três dias. O exame dos níveis da enzima ajuda a determinar o tempo de recuperação para cada atleta.

A alimentação e a hidratação também merecem destaque nos cuidados que os esportistas devem ter. Durante a atividade física, atletas têm perdas de água e sais minerais por causa da transpiração; os níveis variam tanto com as condições externas (calor, umidade do ar) quanto individuais, e podem implicar em perdas de até 2kg ou mais de fluidos.

O IDPC conta com equipe de nutrição especializada para orientação de alimentação adequada e suplementação específica de acordo com o biotipo do atleta, carga e objetivos do treinamento. Mas essa orientação é estendida a todos.

Mesmo em cenários não profissionais, são feitas as habituais recomendações de alimentação saudável e hidratação, que pode ser realizada com água, soluções isotônicas, água de côco e até cerveja (rica em água, vitaminas, minerais e eletrólitos) -- existem estudos validando a cerveja como líquido de reidratação, porém, vale ressaltar, não se deve exceder o consumo diário moderado de 600 mL (duas latinhas) para homens e metade dessa dosagem para mulheres.

De maneira inovadora nesta Copa do Mundo, a fornecedora de isotônicos da Seleção Brasileira realizou análises do suor e da urina dos jogadores para saber a quantidade de nutrientes perdida durante a atividade física, permitindo a formulação de produtos adaptados às necessidades individuais de cada atleta.

Em tempos de uma competição tão importante, com a atenção do planeta voltada para a bola, é importante transmitir a mensagem de que esporte é saúde e, para isso, uma equipe multidiscliplinar trabalha em conjunto, em cada aspecto do jogador, com intuito de prevenir riscos e melhorar o desempenho dos 23 corações verde e amarelos em campo. 

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