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Tratamento de doenças vasculares não pode depender de operadoras

Especial para o UOL

06/07/2014 06h00

É de conhecimento da maioria da população que existe uma enorme disparidade entre os valores pagos aos médicos pelas operadoras de saúde quando comparados à complexidade dos procedimentos realizados pelos cirurgiões vasculares.

O tratamento das doenças vasculares envolve, além do ato cirúrgico em si, a avaliação criteriosa das condições clínicas do paciente no pré-operatório, como a escolha precisa da melhor técnica cirúrgica e de materiais específicos que o mercado dispõe. Depois disso, há o acompanhamento diário do paciente no pós-operatório.

Necessitamos de uma ininterrupta atualização profissional já que descobertas científicas e técnicas evoluem constantemente, o que requer tempo e investimento financeiro alto.

É importante ressaltar que a escolha do material também implica no sucesso da cirurgia e não pode ser baseada somente em custos, nem impostos pelas operadoras de saúde. Pior ainda é quando algumas operadoras direcionam pacientes para cirurgiões com quem mantém acordo comercial e que aceitam suas políticas de utilização de material de baixo custo e qualidade discutível.

Nenhum paciente deseja condicionar a técnica cirúrgica ao cálculo realizado por sua operadora de plano de saúde. Muito menos quer ser encaminhado para um cirurgião que não é o de sua escolha ou confiança, porque este mantém um acordo com a operadora, por conta de custos.

Como considerar justa uma negociação entre médicos e operadoras? De um lado, um profissional sem formação específica para discutir despesas burocráticas, e com o receio de ser descredenciado caso “desagrade” a operadora de saúde. Do outro, especialistas em valores, responsáveis por liberar ou não a realização ou pagamento de um procedimento.

Por outro lado, não somos inocentes: sabemos que saúde tem custos altos e que infelizmente acontecem abusos. Compreendemos que, por falta de clareza, ou até mesmo por se sentirem lesados nas negociações, alguns médicos não se preocupam com a questão. Com isso, escolhem procedimentos de custo mais alto, em detrimento da alternativa com menor impacto financeiro e resultado satisfatório.

A Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular do Estado do Rio de Janeiro (SBACV-RJ) está em busca de melhores honorários médicos para a categoria e trouxe para si a responsabilidade de estabelecer um diálogo com as operadoras de saúde. Estas respondem pelos serviços médicos prestados a quase 40% da população do Rio de Janeiro.

A SBACV-RJ desenvolveu um Rol de Procedimentos por Patologia Vascular (RPPV). Trata-se do agrupamento de códigos de cirurgias da tabela recomendada por órgãos como o Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Médica Brasileira (AMB). Caso aprovado, o novo sistema de cobrança tornará mais ágil e bem definida a negociação com as operadoras de saúde. Isso evitaria discussões frequentes entre as partes, que atrasam as autorizações das cirurgias e retardam o atendimento ao paciente. 

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