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Brasil precisa repensar relação comercial com os Brics

Internauta do UOL

13/07/2014 06h00

Brazil, assim mesmo, com “z”, é o quê? A marca Brazil, como os estrangeiros conhecem nosso país, remete a quê? Somos o país do futuro? Não mais. Samba, futebol, mulher, caipirinha? Ainda sim. Mas, claro, não só isso.

O Brasil é conhecido internacionalmente também pela tolerância de seu povo, pela diversidade da cultura, pela hospitalidade comprovada na Copa do Mundo. Todas são associações positivas. É hoje, sob o olhar de fora, uma nação que cresce. Isso tudo é bom, mas insuficiente. Está na hora de dar um passo decisivo à frente.

O ponto obrigatório para o Brasil é mudar a percepção do mundo. E isso não se faz sem a construção de medidas sólidas. Não se engana o mundo. E ações efetivas só sairão do papel quando o país sair de cima do muro.

Um primeiro passo é o governo federal definir qual o verdadeiro papel do país na América do Sul. Em alguns momentos o Brasil parece querer ser o líder, especialmente baseando-se nas características solidariedade e generosidade, como quando participa de iniciativas vultosas na Bolívia ou Venezuela - com investimentos pesados, e duvidosos, sem retorno financeiro ou de bem-estar aos brasileiros. Mas em outros é relutante, abaixando a cabeça para desmandos dos sul-americanos.

É preciso que a economia nacional se abra aos vizinhos. Há excesso de proteção, uma visão arcaica que deixa o país fora de ondas que impulsionam, por exemplo, China e Rússia. Não é possível que o maior país do continente tenha crescimento econômico pífio por anos seguidos.

O Estado brasileiro é inflado e gasta dinheiro em coisas erradas, parecendo não saber o que faz. Muito dinheiro vai, por exemplo, para os "insiders". Se gasta em pensões, mesmo sendo um país demograficamente jovem. E não há decisão governamental para mudar isso. Tudo está em banho-maria.

São mais de 30 partidos políticos e todos querem (a maioria consegue) um pedaço do orçamento. Os serviços públicos têm investimentos, mas não melhoram. A infraestrutura até avança, mas atrás da necessidade.

Se para quem vive aqui há um desejo de mudança – comprovado por todas as pesquisas de opinião -, imagine o que isso passa para quem está fora. Se as pessoas querem mudar, algo está errado. E em algo errado não se coloca dinheiro. Não se sabe se o governo brasileiro vai ou fica, não se sabe qual a linha seguida.

O Brics – grupo de emergentes que também reúne Rússia, Índia, China e África do Sul – é um exemplo. Para que serve? Os demais países nunca se constituíram uma alternativa viável de relacionamento econômico com o Brasil – exceção à China, principal parceiro comercial. É preciso mudar, repensar aliados – e Rússia e Índia não são as melhores opções.

A Rússia vive tensão com a Ucrânia. E, com a venda de gás, garante parcerias com Europa e China. É a busca por uma soberania na pseudo “Eurásia”, até mesmo lembrando a hegemonia da antiga União Soviética. O Brasil, cá longe, não é preocupação da Rússia.

E a Índia? É um atual destino atraente para negócios e oportunidades de investimentos, com uma imensa base de mão-de-obra e recursos naturais variados. É concorrente direto do Brasil, que ficou para trás.

Outro ponto essencial: é preciso definir estratégias para o futuro, com olhar além do obrigatório hoje. E não há maior revolução nas últimas seis décadas do que a inclusão digital. Total e irrestrita em várias partes do mundo, aqui, por enquanto, é sonho.

Há necessidades prementes: saúde, educação, habitação? Sim! Mas se a melhor qualidade de vida dos brasileiros não vier com um olhar para educação digital ficaremos mais um bom par de décadas na rabeira da evolução.

Apenas tomando decisões claras e objetivas, superando entraves e adotando postura realista em relação às potencialidades é que o Brasil, ou “Brazil”, terá respeito mundial e a chance de enfim chegar ao primeiro mundo, no mesmo grupo de Estados Unidos, Alemanha e Japão. Esses, por meio do poder de suas marcas, exportam culturas e uma imagem de contribuição efetiva para a humanidade.

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