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Segurança de parques de diversões tem como base padrão internacional

Especial para o UOL

26/07/2014 06h00

São raras as oportunidades de falarmos sobre parques de diversões. Em geral, tocamos nesse assunto somente quando acontece uma tragédia. Não deveria ser assim. Afinal, quem não tem recordações de sua infância numa roda-gigante, num carrossel ou num “bicho-da-seda”?

Trabalhei durante muitos anos na indústria e, em determinado momento, surgiu a possibilidade de fazer um serviço em um parque de diversões. Deparei-me então com um mundo novo, no qual a engenharia ganhou um sentido a mais.

Há, sem dúvida, um retorno emocional quando colocamos em funcionamento uma linha de produção de uma indústria, mas nada se compara a uma criança utilizando um equipamento que você acabou de montar ou, melhor ainda, um adulto voltando a ser criança nos brinquedos que você ajudou a construir.

O segmento de parques no Brasil guarda a tradição do ramo e também se desenvolve entre avanços e impasses. O setor tem uma grande parcela de operações bastante profissional, contando com a representação da Adibra (associação de parques de diversões), que faz parte da organização mundial IAAPA. Por meio das duas entidades, os parques brasileiros são representados em diversos comitês internacionais.

O setor também conta com a regulamentação da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), de 2011. O conjunto de regras é absolutamente compatível e aceito mundialmente, o que facilita todo e qualquer processo de importação e exportação do ponto de vista técnico. No entanto, vale ressaltar que nem todos os parques são associados da Adibra, podendo eles, eventualmente, fugir da curva de excelência.

No aspecto de legislação, entretanto, residem nossas maiores dificuldades. A maioria das cidades brasileiras não leva em consideração normas de qualidade e segurança para a liberação do alvará de funcionamento de parques de diversões. É essa a atual batalha da Adibra.

Já no âmbito comercial temos outros impasses: os equipamentos para parques precisam ser importados e, na importação, são considerados bens de consumo e não bens de capital, como deveriam ser se considerada a característica de sua utilização. Isso aumenta significativamente os custos de importação e dificulta a obtenção de linhas de crédito.

O problema ainda é agravado pelo fato de, no Brasil, não haver indústrias nacionais ou filiais de empresas internacionais para produção desse tipo de equipamento.

Esses são alguns obstáculos que o setor de parques de diversões enfrenta atualmente. No entanto, trata-se de um ramo que vem se modernizando e conta com sólido amparo profissional. Trata-se de uma porção fundamental do mercado de entretenimento, que mantém a tradição de lazer familiar sadio e reúne pais e filhos. Os parques também provocam o efeito colateral de retirar nossas crianças de uma vida virtual e sedentária, muitas vezes tão nociva ao seu desenvolvimento físico e intelectual. 

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