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Cerveja não tem relação com violência e deve ser liberada em estádios

Especial para o UOL

08/08/2014 06h00

A Copa no Brasil foi um absoluto sucesso, e disso ninguém duvida. A imprensa internacional elogiou intensamente a organização e a beleza do país. Durante todo o evento, a festa e a interação entre as nações foram evidentes, e os abutres porta-vozes do pessimismo saíram derrotados.

Na Câmara Municipal de São Paulo tivemos a oportunidade de travar importantes debates sobre aspectos relacionados ao Mundial. Na ocasião em que debatíamos a permissão da comercialização e do consumo de bebidas alcoólicas nos estádios durante os jogos, subi à tribuna para me pronunciar a favor do tema e repito aqui minhas motivações.

Primeiro, o torcedor que possui o hábito de consumir bebida alcoólica o faz antes dos jogos e/ou depois das partidas - em casa, no comércio, no caminho ou no entorno do estádio. Na Copa não foi diferente, inclusive nas Fan Fests da Fifa.

Na Inglaterra, as autoridades acreditavam que proibir a cerveja diminuiria a violência, mas já há estudos indicando que os torcedores aumentaram o consumo de álcool antes das partidas, reunindo-se em bares próximos aos estádios e aumentando a chance de encontro entre torcedores rivais.

Os torcedores, inclusive, entravam nas arenas em cima da hora, o que dificulta todo o planejamento de segurança pública.

Outro elemento importante é o perfil do torcedor que assiste aos jogos da Copa: são turistas acostumados ao hábito de consumir cerveja em estádios.

É assim no Japão, cuja torcida foi elogiada por recolher o lixo ao final das partidas, e na Alemanha, seleção campeã do mundo.

Não há evidência científica que comprove qualquer relação entre cerveja e violência. Os registros de problemas pontuais durante os jogos foram de uma extrema minoria, fortemente contida, que já saía de casa com a intenção de arrumar confusão.

De acordo com o coordenador de projetos da Fundação Getulio Vargas, Pedro Trengrouse, cada R$ 100 milhões consumidos em cerveja injetam R$ 338 milhões na economia do país.

Tenho plena consciência de que o alcoolismo é uma doença que precisa ser tratada como questão de saúde pública. Também respeito muito o trabalho de comunidades religiosas e terapêuticas que atuam com pessoas que fazem uso problemático de bebidas alcoólicas.

Contudo, não é isso que está em debate aqui, especialmente porque sua atuação é desenvolvida permanentemente. As comunidades são contrárias ao consumo de álcool por motivos religiosos, e não pelo advento da Copa do Mundo ou por motivações eventuais.

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