Topo

Fuga de bons cérebros brasileiros para o exterior tende a aumentar

Especial para o UOL

28/08/2014 06h00

Hoje em dia, muitos pais planejam o futuro de seus filhos antes mesmo do nascimento deles. Com um mercado de trabalho cada vez mais acirrado, proporcionar educação de qualidade aos jovens tornou-se algo primordial para que tenham chances de competir com profissionais capacitados no mundo todo.

No Brasil, ensino de excelência é privilégio para poucos: temos apenas uma universidade no "The Times Higher Education University", prestigiosa publicação que elege as melhores instituições ao redor do globo.

Tendo em vista esse cenário, não é de admirar que mais de 200 mil estudantes embarcaram para participar de programas de intercâmbio no exterior no ano passado. Entre as 100 instituições listadas como melhores no já citado ranking, 44 estão nos Estados Unidos, e 31, na Europa.

Escolas cujos graus de organização, infraestrutura e qualidade de ensino são indubitáveis. Lá se encontram professores não apenas graduados, mas com Ph.D. e doutorado, e centros de pesquisa que são referência mundial.

Já faz tempo que jovens partem para viagens de estudos no exterior mas, nos últimos anos, a aposta das famílias em educação internacional tem crescido consideravelmente. Como gestor e fundador de uma grande empresa do setor, acompanhei de perto as mudanças que ocorreram nesse cenário.

Na década de 1980, era necessário aprender outro idioma e conhecer diferentes culturas por causa da crescente globalização. Hoje, a segunda língua é praticamente obrigatória, e destacam-se os que falam a terceira, a quarta e a quinta.

Além disso, partir em uma empreitada de estudos fora do Brasil não é mais apenas aprimorar um idioma. A experiência internacional proporciona novas percepções, que convidam à reflexão, ao desenvolvimento da capacidade de aceitar as diferenças culturais e a ampliar a habilidade de enfrentar os desafios com mais confiança.

O domínio do inglês também é o passaporte de entrada para ingressar em escolas qualificadas, como Harvard, Oxford ou Cambridge. E as chances de uma carreira internacional em grandes companhias - que essas graduações proporcionam - são extremamente abrangentes.

Isso já é uma realidade. Atualmente, cerca de 20 mil brasileiros estão cursando universidades conceituadas pelo mundo, e mais de 10 mil se matricularam em universidades americanas no ano letivo de 2012 a 2013.

E isso não acontece apenas por causa da ampliação da malha aérea e das novas formas de pagamento, que facilitam a concretização da viagem. Ocorre porque executivos, pais e jovens vislumbram cada vez mais o leque de oportunidades que está aberto no exterior. Minha experiência no segmento mostra ainda que, nos próximos cinco anos, poderemos ter um crescimento da ordem de 50% desses números. 

Executivos investem cada vez mais e com mais frequência em masters, pós-graduações e MBAs em países como EUA, França e Inglaterra. O conhecimento de ponta que adquirem nas salas de aula é um grande diferencial no currículo, e faz dessa vivência algo praticamente obrigatório nos dias de hoje.

Educação é prioridade em qualquer nação desenvolvida. Enquanto o Brasil não investir em melhorias efetivas em seu sistema educacional, a fuga de bons cérebros para o exterior só tende a aumentar, pois universidades e empresas estrangeiras estão de olho nos nossos talentos.

Uma pesquisa conduzida no Escritório Nacional de Pesquisas Econômicas dos Estados Unidos mostrou que 8,3% dos cientistas brasileiros estão desenvolvendo pesquisas lá fora. São grandes mentes, que foram descobertas durante período de aperfeiçoamento em solo estrangeiro e trilharam carreira profissional longe de seu país.

A base é tudo para uma carreira promissora. Conheço famílias no interior de São Paulo que preferem que suas crianças cursem high school no exterior em vez de matriculá-las em escolas da Grande São Paulo. Além de ser mais barato, o estudante pode viver com mais liberdade e assimilar outro idioma mais cedo, o que torna o aprendizado mais fácil, com conhecimento ainda mais sólido para o futuro profissional.

Diante desse contexto, o que se pode constatar é que o planejamento é fundamental e também é a garantia de carimbar o passaporte profissional para uma carreira de sucesso, nacional ou internacional. 

  • O texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
  • Para enviar seu artigo, escreva para uolopiniao@uol.com.br