Planos de saúde podem ajudar política econômica do próximo governo
Os candidatos à eleição presidencial receberam inúmeras sugestões de iniciativas e medidas que podem ajudar a sociedade e seus diversos segmentos econômicos a superar os problemas colocados no momento e a criar um ambiente de segurança para o seu desenvolvimento.
No caso da saúde suplementar, a expectativa também é grande. O setor vive hoje em meio ao fogo cruzado dos reajustes de preços e dos custos assistenciais em alta; das margens quase negativas e da demanda crescente; da falta de regras claras e da escalada da judicialização.
É um gigante que garante assistência de qualidade a mais de 70 milhões de brasileiros, beneficiários de planos de saúde, médico e odontológico, mas que tem grandes desafios a enfrentar. Mais do que uma petição aos candidatos, este artigo é um convite à reflexão e ao debate público sobre algumas das medidas que entendemos necessárias para fazer avançar a saúde no nosso país.
Um plano para a saúde deveria começar pela necessidade de integração e coordenação entre os setores público e privado. A implementação de uma visão integrada de planejamento teria um impacto extraordinário sobre todo o sistema de saúde nacional.
Imagine-se, por exemplo, a criação de um banco de dados comum com informações sobre o perfil sócio-epidemiológico e o salto que isso traria para o planejamento das ações, coordenando-se os esforços do estado e das empresas privadas.
Outra medida seria a implantação do prontuário eletrônico, que, com todos os cuidados necessários à proteção da privacidade, traria um sem número de benefícios à assistência, como a agilização no atendimento e nos diagnósticos, a identificação de públicos para o desenvolvimento de campanhas de prevenção, o compartilhamento de informações do paciente entre médicos de diferentes especialidades etc..
Uma estratégia de governo para a saúde tem de levar em conta o potencial que o setor tem de alavancar o crescimento da economia. Aliás, uma das aspirações das empresas que atuam na saúde suplementar é a de que o setor seja visto e ouvido não só pelo Ministério da Saúde, mas também pelos Ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, tal como outros segmentos do mercado.
Por que não colocar a saúde ao lado da construção civil, da indústria automobilística, da agricultura e dos bens de consumo, setores sempre lembrados – corretamente, sem dúvida – na hora de adotar políticas de aceleração e estímulo ao crescimento? Pelas suas dimensões, pela capilaridade de sua cadeia produtiva e pela sua capacidade de gerar empregos, a saúde pode ser uma poderosa aliada da política econômica.
Os dados do setor não deixam dúvidas quanto a isso. Considerando os gastos privados e públicos, a saúde gera uma receita anual que chega a R$ 464 bilhões, o que equivale a 10,3% do Produto Interno Bruto (a parte privada dessa conta corresponde a cerca de 57%).
Ao todo são 3,6 milhões de postos de trabalho diretos e centenas de milhares de estabelecimentos, incluindo mais de mil operadoras de saúde de todos os segmentos, 3 mil hospitais privados, mais 1400 hospitais privados sem fins lucrativos e de 2.300 hospitais públicos.
Além disso, a atividade na saúde irradia-se para setores afins, como a indústria farmacêutica, de insumos e equipamentos médico-hospitalares; o comércio de medicamentos representado pelas farmácias e drogarias, incluindo desde milhares de micro e pequenas empresas até grandes redes; prestadores de serviços diversos, como empresas de manutenção, call centers, de coleta e destinação de resíduos.
Para fortalecer o setor e aumentar a competitividade, é necessário que haja uma regulação clara e estável, que estimule o livre mercado e a concorrência. É fundamental, nesse sentido, garantir uma política para a inclusão de novas tecnologias, de forma a garantir que a assistência acompanhe a evolução no uso de equipamentos, materiais e medicamentos, sem, no entanto, expor pacientes a tecnologias cuja eficácia não tenha sido comprovada, e sem onerar desnecessariamente os sistemas público e privado, pondo em risco a sua sustentabilidade.
Não é propósito da saúde suplementar competir ou substituir a saúde pública, mas complementá-la. Por essa razão, somos favoráveis também à aprovação do projeto de lei que assegura 10% da receita bruta da União para o custeio da saúde pública.
A melhoria da qualidade da assistência à saúde no Brasil será resultado da convergência de esforços dos setores público e privado, do fortalecimento do Sistema Único de Saúde e da saúde suplementar.
- O texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
- Para enviar seu artigo, escreva para uolopiniao@uol.com.br
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.