Topo

Mesmo com inscrições mais caras, corrida de rua continua democrática

Especial para o UOL

29/11/2014 06h00

É cada vez mais visível o aumento do número de praticantes de corrida de rua e a quantidade de eventos realizados pelo país, sobretudo em São Paulo. Segundo dados da Federação Paulista de Atletismo, em 2013 houve um crescimento de 6% no número de pessoas que concluíram corridas oficiais no Estado.

Para o ano de 2014 está sendo confirmada a previsão de aumento de provas da modalidade, sobretudo as de meia maratona (distância de 21.097 metros). Se em 2013 houve 64 circuitos desse tipo no país, em 2014 serão 84.

Além do maior número de corridas e de participantes, há também mais equipes e grupos de corrida para amadores e maior investimento em marcas esportivas, equipamentos e publicações voltadas para a prática do esporte.

Os valores das inscrições foram reajustados, mas atribui-se isso principalmente à profissionalização da organização, cada vez mais necessária, e aos diversos custos envolvidos na produção de eventos de qualidade.

Há cerca de 20 anos muitas corridas não contavam com suporte de ambulâncias equipadas com UTIs móveis, banheiros, percurso demarcado, trânsito controlado e outras exigências que hoje são cumpridas em quase todas as provas.

Também não havia chip de cronometragem para apuração rápida dos resultados, organizadoras de eventos tinham menos estrutura e os corredores eram, predominantemente, mais competitivos e geneticamente favorecidos.

Grande parte dessas mudanças deve-se à participação cada vez maior do público amador, muito mais exigente, que hoje corre em busca de melhor qualidade de vida, lazer e, sobretudo, ampliação de sua rede de relacionamentos.  

Opinião - Nelson Evêncio

  • Os valores das inscrições foram reajustados devido à profissionalização da organização e aos diversos custos envolvidos na produção de eventos de qualidade

    Nelson Evêncio, presidente da Associação dos Treinadores de Corrida de São Paulo, sobre o preço das provas

Pessoas não estão mais tão preocupadas em participar das provas de corrida para superar seus recordes. Os participantes querem melhorar sua saúde e divertir-se em eventos bem organizados.

O que muitos perguntam é se a simples prática da corrida não está menos democrática, já que houve aumento dos valores das inscrições e dos equipamentos oferecidos no mercado - como tênis, roupas mais bonitas e tecnológicas, relógios com monitores de frequência cardíaca, GPS.

Hoje, temos eventos com custos mais altos de inscrição, mas que oferecem uma melhor experiência aos atletas. Houve também um aumento no número de opções de provas, e um salto de qualidade na organização dos eventos. Existem, inclusive, circuitos de corridas populares, algumas até sem custo ao corredor.

Materiais esportivos estão mais caros, porém com mais tecnologia, o que torna os treinamentos de corrida seguros e eficientes. Temos mais gente participando dos eventos. Pessoas de todas as etnias, biótipos, idades, credos e níveis sociais correm juntas, interagindo e podendo desfrutar dos mesmos benefícios que a prática do esporte proporciona.

Hoje vemos o diretor de uma empresa correndo no parque e batendo papo com o operário. Podemos festejar a participação massiva do público feminino, tornando nossas ruas, parques e eventos bonitos e alegres. 

A corrida de rua hoje está mais democrática e saudável, e ainda teremos um grande crescimento no número de praticantes.

  • O texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL
  • Para enviar seu artigo, escreva para uolopiniao@uol.com.br