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Apego à caderneta de poupança corrói ganho de investimentos

Especial para o UOL

05/01/2015 06h00

Após um ano de baixo crescimento, inflação elevada e uma estabilidade - apesar de questionável - no nível de emprego, chegou a necessária elevação da taxa Selic para 11,75% ao ano.

Do ano que passou há muito o que lembrar sobre política e pouco sobre fatos econômicos. Estes, na verdade, sofreram, e muito,  com a política e o ano eleitoral. Agora, a página virou. 

Nesse novo ano há grande expectativa de que novos aumentos da Selic virão com a finalidade de conter a inflação, uma medida necessária. Consequentemente, nas aplicações financeiras, renda variável, Bolsa e fundos tornam-se menos atrativos, enquanto renda fixa, protegida pelo FGC (Fundo Garantidor de Crédito), ganha turbinas maiores e passa a ser a vedete dos investimentos em 2015. Mas como tirar o maior proveito disto?

Em um antigo artigo meu, intitulado “Alta gastronomia nos investimentos”, menciono que o investidor consegue melhor remuneração em bancos de investimentos e corretoras do que em bancos de varejo, a não ser que tenha um grande volume investido - na verdade milhões. Mesmo não tendo os milhões, as oportunidades são acessíveis.

Opinião - Mauro Calil

  • Não se prenda às recomendações do gerente, pois ele trabalha para o banco e não para você

    Mauro Calil, educador financeiro, sobre a importância de aumentar o conhecimento sobre finanças

O cidadão normal deixa de ganhar como os milionários por dois apegos básicos e quase emocionais. O primeiro é o apego ao nome ou tamanho da instituição, que julga ser "mais segura". O segundo é o apego à caderneta de poupança.

Este comportamento corrói a rentabilidade e diminui a velocidade da formação de patrimônio ao longo do tempo. Em contas que fiz para um cliente um dia antes de escrever este artigo, a caderneta de poupança rendia 62,5% do CDI e o "super” fundo de investimento recomendado pelo seu gerente, 73,4% do CDI.

Só para comparar, com R$ 10 mil é muito fácil encontrar 94% do CDI. Você pensou: Onde?

A informação na internet é vasta. Portanto, busque conhecer outros papéis como LH, LCI e LCA (que não tem incidência de imposto de renda para pessoa física) CDB, LC etc. Não se prenda ao gerente, pois ele trabalha para o banco e não para você.  Em razão disso, ele sempre estará subordinado a metas e produtos da instituição que lhe paga o salário.

Nesse caso, o melhor mesmo é você assumir e tomar conta de seu dinheiro. Simplesmente faça contas antes de aceitar qualquer sugestão, mesmo que seja de redução de tarifas. Algumas instituições aumentam suas tarifas para depois reduzi-las, quando você aplica em produtos pouco rentáveis. Como se fosse uma loja com descontos fantasma.

O importante é que o investidor saiba que o FGC garante para o investidor até R$ 250 mil por CPF para cada conglomerado financeiro. Ou seja, se ele comprar vários papéis de emissores diferentes terá R$ 250 mil para cada um de garantia. As pessoas deixam de investir por não conhecerem essa regra, infelizmente.

Além disso, se grandes bancos no mundo - como Merrill Lynch e Lehman Brothers - quebraram, qualquer banco pode quebrar. O Titanic afundou provando que a percepção de segurança é algo psicológico.

Conhecimento não ocupa espaço: tome conta você mesmo de seu dinheiro. Procure instituições especializadas, conheça diversos tipos de investimento e suas remunerações, apoie-se nas garantias do FGC, e em 2015 seu dinheiro trabalhará mais e melhor para você.

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